Discriminação prejudica combate ao tráfico de pessoas

A capacitação de integrantes de organizações governamentais e não-governamentais ligadas aos direitos humanos é o primeiro passo para articular a rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas em Mato Grosso do Sul. O curso iniciado segunda-feira em Corumbá, envolvendo também entidades da Bolívia, visa superar um desafio: a dificuldade de enfrentar o crime por desconhecimento do problema.

A criminalização da vítima, políticas moralistas e discriminatórias e as falhas na abordagem, que, na maioria das vezes, identificam outros crimes correlatos (drogas, armas e lavagem de dinheiro), geram conflitos e atrasam ações preventivas e repressivas para conter o tráfico. Um crime de violação dos direitos humanos pouco compreendido que ocorre mais intensamente nas regiões de fronteira.

“Esta é uma realidade não apenas do Brasil, mas mundial”, afirma Antônio Carlos Sardinha, responsável pelo projeto Direito de Ir e Vir, coordenado pelo IBSS (Instituto Brasileiro de Inovações pró-Sociedade Saudável). Ele está em Corumbá ministrando o curso de 40 horas/aula para profissionais da assistência social e militares, que será encerrado nesta quarta-feira, no auditório do Espaço Educacional.

Questão política

Sardinha acrescentou que a partir do mapeamento dos organismos estaduais que atuam na questão dos direitos humanos, sobretudo no combate ao tráfico de mulheres e crianças, nos últimos dois anos, está sendo possível cumprir esta etapa de formação dos profissionais. A meta seguinte é consolidar uma articulação da rede com conhecimento de causa, dentro de princípios mais coerentes.

“Trabalhamos todas as temáticas que envolvem a problemática, desde legislação, manifestação e identificação do crime à discussão de como as políticas públicas da cidade podem trabalhar nesse enfrentamento e chegar às causas”, explicou ele. “Com o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, o governo brasileiro começa a tratar do problema politicamente.”

Rede articulada

Os avanços no Brasil podem ser observados nas articulações que o país vem fazendo dentro do Mercosul, disse o coordenador e palestrante. “Essa resposta do poder público, pela primeira vez, demorou muito ser trabalhada, ocorreu também com a questão da exploração sexual. Mas o plano é uma grande conquista para se criar uma rede de enfrentamento e ações articuladas”, destacou.

O curso de capacitação está sendo realizado pelo Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em Mato Grosso do Sul, com o apoio da Prefeitura, por meio da Gerência de Articulação das Políticas Públicas da Mulher, ligada a Subsecretaria de Ações da Cidadania, pasta vinculada à Secretaria Municipal de Promoção da Cidadania. A coordenação e da socióloga Nathália Ziolkowksi, do IBISS.

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