Banho de São João torna-se Bem Cultural de Natureza Imaterial

   Marcos Boaventura
  

A festa retrata a devoção religiosa e a manifestação cultural de mais de 100 anos nas ladeiras e ruas de Corumbá

Festa única no Brasil, mistura de crendice e religiosidade, o Banho de São João de Corumbá deve se tornar Bem Cultural de Natureza Imaterial de Mato Grosso do Sul. Será a perpetuação de uma tradição local, trazida pelos árabes por volta de 1880.  O decreto estadual será assinado nesta quinta-feira (21), após processo desencadeado em 2007 pela Prefeitura Municipal, que planeja buscar, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e no Ministério da Cultura, o tombamento de uma das mais tradicionais festas juninas de todo o Estado.

De acordo com o presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal de, Carlos Porto, a assinatura do decreto pelo governador André Puccinelli (PMDB) representa o coroamento de um trabalho desenvolvido pela administração do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) para manter as raízes da festa sem qualquer modificação. “A proposta segue o exemplo da viola-de-cocho, instrumento que anima o cururu e é reconhecido como bem cultural pelo Iphan”, disse.

Conforme Porto, a festa retrata a devoção religiosa e a manifestação cultural de mais de 100 anos nas ladeiras e ruas de Corumbá. “Isso tem um significado maior do que imaginamos. É ter o Banho de São João como elemento vivo da cultura. Nossa dedicação agora será em sequência, com o Iphan, para que nossa tradição possa se tornar Patrimônio Imaterial Cultural Nacional”, observou.

Tradicional evento cultural de Corumbá, o Banho de São João é celebrado na noite de 23 de junho e visa à valorização e ao resgate das tradições folclóricas e da cultura que se manifestam por meio das rezas e das crenças, cujas raízes encontram-se arraigadas no sentimento e na alma do povo corumbaense. É originário da Europa com o costume português do banho de rio obrigatório no dia do santo, desde o século 14. Em Corumbá, conforme relato de historiadores, a tradição chegou com a comunidade árabe em 1882.

Durante a festa de 2009, a prefeitura efetuou o cadastramento das famílias festeiras que promovem a festa e descem ao Rio Paraguai para o banho do santo, e realizou um trabalho de documentação fotográfica para integrar o acervo do Arraial, importante para o processo de tombamento.

Antônio Carlos – Subsecretaria de Comunicação Institucional

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