Nem tudo é folia no Carnaval 2010 de Corumbá. Enquanto um grande público presencia os desfiles dos blocos e das escolas de samba e os shows, ao lado da estrutura montada pela Prefeitura Municipal um grupo de pessoas trabalha, preparando ingredientes primordiais para o folião resistir às longas horas de festa. São as cozinheiras e cozinheiros, vendedores das barracas e garçons da praça de alimentação, além dos ambulantes espalhados por todo o circuito. Eles são os responsáveis pela comida e bebida servida durante os cinco dias do reinado de Momo corumbaense.
No entanto, mesmo não estando ao lado da passarela do samba, nas arquibancadas ou camarotes, eles não reclamam do fato de não ver os desfiles de perto. Ficam nas barracas, junto aos fogões, churrasqueiras e frízeres. Um exemplo é Benedita Rocha, responsável por uma das 60 barracas da praça de alimentação, ao lado da Praça Generoso Ponce.
Este é o primeiro ano que ela trabalha na praça, embora já tenha trabalhado em todos os carnavais corumbaenses como vendedora ambulante. A especialidade dela é o pastel. “Já trabalho em casa mesmo, vendendo meus pastéis. Como ambulante não dava para fazer isso. Ficava difícil montar estrutura para preparar. Vendia só bebida”, disse Benedita.
Tendo sido aluna do curso ministrado pela prefeitura, por meio da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, ela destacou que foi bom o aprendizado e a expectativa é, no fim da festa, ter um bom lucro. Benedita trabalha com a filha, a sobrinha e o sobrinho, que fica responsável pelo espetinho.
Gerado Pereira da Silva é outro que aproveita o carnaval para melhorar a renda familiar. Ele aposta no sarrabulho, bobó, arroz carreteiro, espetinho e, principalmente, caldo de piranha, um revigorante para agradar o folião. Esta é a terceira vez que ele trabalha na festa. Ao lado da esposa, Eliane Roa Macedo, fez o curso e aposta na capacitação para servir bem quem participa da festa e, especialmente, o turista que visita a cidade. “Estou confiante. Se for igual aos dois anos anteriores, com certeza vai dar para ganhar um bom dinheiro e melhorar a renda familiar”, comentou.
Pratos típicos
Na praça de alimentação, o folião tem a oportunidade de se deliciar com pratos típicos da região. Um deles é a saltenha. Esta e a aposta de Délia Durão Ribeiro que, todos os anos, trabalha durante as cinco noites, sempre oferecendo este tipo de salgado. “É possível juntar um bom dinheiro”, diz, lembrando que o curso foi essencial. “Aprendi muita coisa, até como bem receber o turista”, ressaltou.
Há comidas e bebidas para todos os gostos. Silvana de Araújo Arruda aposta nos caldos, de feijão e de ervilha, para dar maior energia aos foliões. “São revigorantes”, diz. Mesmo ‘debutante’, ela afirma que foi uma das primeiras a se inscrever para o curso ministrado pela prefeitura. “Foi muito bom, principalmente para aprendermos a manipular alimentos, e questões sobre éticas e atendimento ao cliente”, observou.
Atraindo paulistas
O carnaval corumbaense atrai também vendedores ambulantes de outras regiões que vêem na folia pantaneira a oportunidade de ganhar um bom dinheiro. É o caso de um grupo de 13 pessoas de São José do Rio Preto, que viajou 1,2 mil quilômetros de ônibus. Alguns estão vindo pela primeira vez. Outros já são velhos conhecidos.
Mauro Carlos, por exemplo, está conhecendo Corumbá agora e ressaltou que veio com o grupo por ter recebido informações de que a praça é “muito boa durante o carnaval” e que está aproveitando para conhecer a cidade, o Pantanal, “além de aproveitar para ganhar algum dinheiro”.
José Oliveira Ribeiro também demonstra otimismo. “A gente trabalha só em eventos, em várias regiões do Brasil. No carnaval, a gente vem sempre para Corumbá”, afirma. Segundo ele, um amigo veio à cidade há 20 anos, gostou e levou a informação. O ônibus utilizado na viagem pertence a seu filho, Diego Siqueira Ribeiro. Eles vendem brinquedos e alimentos, principalmente batatinha frita, torresmo e o que toda criança adora: algodão doce.
Antônio Carlos – Subsecretaria de Comunicação Institucional