Moradores de Porto Esperança destacam valor do Povo das Águas

Assessoria de Imprensa
 

“Esperamos que este e outros projetos sejam mantidos em Porto Esperança, pois a nossa necessidade é enorme”, diz uma moradora

O amanhecer não era dos mais ensolarados, carregado de um tom esbranquiçado de ponta a ponta do céu, mas o barco Éda Ipê III já se encontrava há horas aportado na barranca do Rio Paraguai, de frente para a comunidade de Porto Esperança, no Pantanal Sul. Nele, 18 profissionais se preparavam, após um reforçado café da manhã que incluía chipa e sopa paraguaia, para se instalar no prédio da escola homônima local e oferecer os mais diversos serviços de saúde e assistência social. Enquanto isso, pequenos barcos a motor começavam a se acumular na margem do rio, entre os camalotes flutuantes, trazendo moradores de todas as idades e perfis.

Tratava-se de mais uma etapa do Programa Social Povo das Águas, cuja equipe chegara naquela manhã de sábado (22) do primeiro dia de atendimento, às famílias ribeirinhas da comunidade de Forte Coimbra. Para a escola, eram levados equipamentos médicos e odontológicos, caixas de remédios e vacinas. Enquanto isso, do teto do barco desciam colchões e lonas, e do porão saiam roupas, agasalhos, cobertores, cestas básicas e brinquedos que fariam a alegria de crianças e a satisfação dos adultos. Embora enraizada às margens do Rio Paraguai, ao lado de uma ferrovia e a quilômetros da rodovia BR-262, a condição de isolamento era visível nas faces e expressões dos moradores.

“Hoje é um dia muito feliz para todos nós, porque ficamos isolados e esquecidos aqui, e esta ação está nos trazendo tudo o que precisamos e não temos”, resume a pescadora Francisca Ocampos Moreno, 45 anos, revelando o que recebera: colchão, sacolão e casacos, além de ter feito o exame preventivo de câncer do colo do útero. “Tudo isso era muito necessário para mim, meus filhos e netos”, completa. Para o piloteiro Ricardo Inácio de Oliveira, 36 anos, esta era a melhor ação social que já presenciara, pelo nível de organização e abrangência dos serviços. “Não seria tão necessária não fosse a nossa dificuldade de transporte, mas nessas condições esta ação é essencial”, diz.

Com mais ênfase, a pescadora Nilze Genovês, 25 anos, expressa a mesma sensação, após receber atendimento em assistência social e vacina contra a gripe A, e de fazer o cadastro para benefícios sociais e o exame preventivo. “Este tipo de ação é muito válida porque muitas pessoas aqui não obtêm renda suficiente com a pesca e, como têm muitos filhos pequenos, acabam passando necessidades”, observa, acrescentando: “Devido à nossa dificuldade de ir à sede do município, ficamos carentes não só de atendimento médico, mas também de produtos básicos, como de higiene. Ficamos reféns do comércio local, que é muito caro, e acabamos nos endividando muito”.

Ao mesmo tempo em que agradece a Administração municipal por levar serviços e itens essenciais às famílias ribeirinhas, a líder comunitária Georgina de Almeida, 58 anos, defende a continuidade e uma frequência maior da ação. “Esperamos que tanto este quanto outros projetos da prefeitura sejam mantidos em Porto Esperança, pois a nossa necessidade é enorme, e tais ações são viáveis ao Poder Público, já que a comunidade não fica tão distante da cidade e o acesso não é tão difícil. Apenas é caro para nós viajarmos até lá”, insiste, afirmando que cada viagem de barco até Porto Morrinho – de onde se toma o ônibus para Corumbá – consome quase 15 litros de gasolina.

Gesiel Rocha – Subsecretaria de Comunicação Institucional

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