Humanizado, hospital já mostra nova cara após intervenção

Marcos Boaventura

“A situação do hospital era crítica, mas graças a Deus já podemos observar uma profunda mudança”, enfatizou Lamartine

Após três meses sendo administrado por uma junta nomeada pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT), o Hospital de Caridade de Corumbá já apresenta mudanças sensíveis, com a reforma de setores importantes que, até então, estavam sem condições mínimas de uso, passando a oferecer um atendimento mais humanizado. Nesse tempo, uma empresa de auditoria foi contratada para realizar um levantamento da real situação da instituição. O trabalho está em fase final, mas os primeiros resultados das ações da nova equipe já são conhecidos.

Nesta semana, o presidente da Junta Administrativa, Lamartine de Figueiredo Costa, apresentou o primeiro relatório ao prefeito Ruiter. O documento traz detalhes da situação em que o grupo encontrou o hospital em 12 de maio de 2010, as providências já tomadas, e como está o atendimento hoje no maior hospital da região pantaneira, responsável pelo atendimento de uma população estimada em 150 mil pessoas residentes em Corumbá, Ladário e cidades bolivianas da fronteira com o Brasil.

“A situação do hospital era crítica, mas graças a Deus já podemos observar uma profunda mudança”, enfatiza Lamartine, afirmando que isso foi possível porque todo o trabalho desenvolvido conta com respaldo do prefeito, que tem acompanhado o processo de perto. Para ele, a sociedade também tem contribuído bastante, como mostrou a participação popular no jogo beneficente do Botafogo em Corumbá, que movimentou toda a região em torno da instituição. “Outro fator importante é a parceria fundamental e saudável com os funcionários e o corpo clínico do hospital. Tudo isso tem nos ajudando muito nesta tarefa”, complementa.

Durante a apresentação do relatório ao prefeito, Lamartine citou os problemas encontrados e as ações desenvolvidas para solucioná-los. O primeiro deles está relacionado à falta de insumos hospitalares. “Faltavam medicamentos e materiais de procedimentos. O primeiro passo foi investir R$ 489.172,41 na compra de medicamentos e materiais, além de manter o efetivo controle dos estoques na farmácia, por meio de um sistema informatizado”, relatou.

Foram adquiridos produtos e alimentos adequados e o cardápio foi readaptado e variado, elevando a qualidade da alimentação servida, com redução de gastos em torno de 17%. Hoje, o prato do paciente do SUS é igual ao do médico. Conforme Lamartine, não havia materiais de limpeza, que foram comprados assim que a junta assumiu a direção do hospital, adequados e específicos para área hospitalar. “O setor de rouparia também estava um caos. Faltavam lençóis, pijamas e uniformes dos profissionais médicos e enfermeiros. A providência foi a compra imediata de tecidos para confecção da rouparia necessária, tudo com recursos da Prefeitura de Corumbá”, diz.

Desorganização

O levantamento realizado pelos integrantes da Junta Administrativa nestes três meses constatou também uma completa desorganização dos serviços hospitalares. No setor de internação, o que se observava era uma equipe de enfermagem “estressada e desmotivada pela falta de recursos, o que implicava em falta de qualidade nos serviços prestados e na suspensão de internações e cirurgias por falta de material”, como descreve Lamartine.

Conforme o presidente da junta, o primeiro passo para vencer esta barreira foi realizar um trabalho de envolvimento das equipes, com a elaboração de um projeto de educação permanente e a regularização do fornecimento dos insumos. Paralelamente, decidiu-se pela mudança de local do Serviço de Apoio a Diagnóstico Terapêutico (SADT), bem como a reforma e ampliação do laboratório para atender exigências da Vigilância Sanitária. Ele ressalta ainda que o setor de esterilização e a maternidade já estão com reformas em andamento.

Internação

Foi constatada ainda uma série de dificuldades nos serviços de hotelaria (internação), principalmente a falta de leitos. Como se sabe, a capacidade do hospital é de 166 leitos. Entretanto, 40 camas hospitalares estavam encostadas, sem condições de uso. “A substituição seria muito difícil. Implicaria em mais despesas para o hospital. Conseguimos resolver o problema de forma simples, com reformas. Já reformamos 20 camas e o restante está em processo de recuperação. Os gastos ficarão em torno de R$ 5 mil. Nas primeiras 20, gastamos R$ 2,2 mil. Se fôssemos comprar camas novas, cada uma custaria R$ 1.249”, descreveu.

A usina de oxigênio também estava em péssimas condições. Hoje, 10 bombas de infusão estão sendo recuperadas e o investimento foi apenas de R$ 800. Uma bomba nova custa entre R$ 3 mil a R$ 8 mil. A lavanderia também necessitava de uma revisão e reparos de seus equipamentos; o setor de esterilização está em reforma para adequação às exigências da Vigilância Sanitária, e os investimentos atingem também a estrutura física, com a elaboração de projeto de reestruturação da rede elétrica, hidráulica e efluentes, em andamento.

Higienização

A área externa do hospital também está recebendo cuidados necessários. Antes, em estado de abandono e má conservação, hoje já está com melhor aspecto, após limpeza e remoção de entulhos e lixos do pátio e arredores, realizados pela prefeitura. Outra irregularidade constatada foi com relação ao armazenamento do lixo hospitalar, que era feito de forma inadequada. Está em andamento um projeto de adequação, manejo e reciclagem do lixo hospitalar, que por enquanto é depositado em um container apropriado.

Lamartine salientou que, nestes três meses, a instituição já conseguiu recuperar sua credibilidade interna e externamente, melhorou o relacionamento com o corpo clínico, regularizou os serviços, “tudo pautado pela profissionalização da gestão com foco no cidadão, com ética e trabalho em equipe”.

O levantamento apresentado ao prefeito traz ainda um registro fotográfico das condições em que a Junta Administrativa encontrou as dependências da instituição, inclusive o centro cirúrgico, vestiário, sala de esterilização, entre outros. Cita também futuras intervenções na enfermaria, laboratório, recepção do hospital e a construção da UTI Neonatal.

Antônio Carlos – Subsecretaria de Comunicação Institucional

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