Aluna da Reme representa Corumbá na Olimpíada de Português

Corumbá tem uma finalista na fase Centro-Oeste da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro 2010. A aluna da 9ª série da Escola Municipal Izabel Corrêa de Oliveira, Ketlin Luana Parabá Barbosa, foi classificada no gênero Crônica na etapa estadual da competição. O texto "Mais um dia", que retrata Corumbá, concorreu com mais de 500 trabalhos elaborados por alunos das redes públicas de ensino e enviados à Coordenação Nacional da Olimpíada. A estudante e sua professora de Português, Iolanda da Silva Aquino Sigarini, participarão da Formação Presencial em Curitiba, no período de 3 a 6 de novembro, juntamente com os finalistas das demais regiões do País.

Em Corumbá, o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) aderiu e assinou o Termo de Adesão à Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, política pública criada pelo Ministério da Educação, em parceria com a Fundação Itaú Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). A iniciativa busca estimular nos estudantes o gosto pela leitura e de aprimorar o ensino da escrita em escolas públicas.

No município pantaneiro, a olimpíada foi organizada por uma comissão instituída pelo secretário executivo de Educação, Hélio de Lima, sob coordenação da professora Roseane Limoeiro da Silva Pires, que recebeu e selecionou textos de 18 escolas municipais e oito estaduais, envolvendo 36 professores e 42 alunos. As representantes de Corumbá concorrerão à Premiação Nacional da Olimpíada.

Confira o texto finalista escrito pela aluna Ketlin:

Corumbá, nasci e cresci nesta cidade, amo de paixão, vivi inúmeras aventuras nesta terra branquinha. Por que, então, é tão difícil escrever esta crônica?

Inicio, hoje, este texto, mas já penso sobre o que falar há tempos. Em busca de inspiração e sossego para pensar, sento-me na calçada de casa em baixo do 7 copas que, ao mesmo tempo que me abriga do calor, também levanta todo o concreto da calçada e mostra suas raízes tão fortes, para o desespero dos meus pais. Não fico sozinha nem 5 minutos, pois chegam meus amigos sorridentes e sem muito para fazer com aquela garrafa de dois litros com a água absolutamente congelada, a guampa e a bomba de tereré nas mãos.

Da rua de asfalto que há pouco tempo ainda era de chão batido, ouço: "Linha! Linha! Falei primeiro!" Uma gritaria só. Em poucos segundos vejo dois pares de chinelos Havaianas demarcando as traves dos gols, cada um milimetricamente separado pelos cinco pés de distância daquele menino franzino, mas cheio de energia e disposição. As medidas de uma das traves duram apenas até um dos guris que ali se encontrava chegar como quem não quer nada ao lado do gol e dar um leve chute no chinelo com a intenção de aumentar um pouquinho a trave do time adversário. O jogo começa e nota-se que para eles não existe mais nada, são os donos da rua, correm apenas para o meio fio quando avistam um carro ou moto que ousa invadir o seu campo de futebol. O sol dá uma trégua, são 17h30 mais ou menos, avisto meu pai chegando do trabalho sorridente, feliz. Aconteceu algo que certamente nos contará enquanto tomamos chá (pão com manteiga e leite com café) daqui a pouco.

Foi nesse momento que me vejo sentada a observar as crianças na rua com o sorriso no rosto e suor por todo o corpo, meu pai ao meu lado se junta na rodinha de tereré, minha mãe estava aqui até a pouco tempo, mas, agora, já se encontra na sala assistindo novela com as portas e janelas de casa todas abertas, meus amigos ao meu lado compartilhando minhas alegrias e as deles.

Foi nesse momento que me peguei refletindo, me perguntando: Será que em todo lugar é assim?

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