Compositores e intérpretes de samba enredo de Corumbá e de Campo Grande tiveram a oportunidade de conhecer mais de perto as experiências de sambistas de duas importantes escolas de samba do Rio de janeiro. O intercâmbio ocorreu durante o workshop realizado no último sábado (20) em Corumbá, promovido pela Escola de Samba Caprichosos de Corumbá, com apoio da Prefeitura Municipal.
O evento aconteceu no barracão da Caprichosos e integrou o II Encontro de Compositores e Intérpretes de Samba Enredo, que trouxe a Corumbá o compositor carioca Samir Trindade, da Beija Flor de Nilópolis, e o intérprete da Imperatriz Leopoldinense, Sebastião Bandelak, da Nino Samba Show. Ambos puderam repassar suas experiências aos sambistas locais. "São lições importantes para que possamos saber como é feito o carnaval no Rio, como eles compõem, de onde vem a inspiração e em que processo criativo eles se baseiam", explicou o presidente da agremiação corumbaense, Arturo Ardaya.
Samir Trindade foi o compositor do samba enredo campeão da Beija Flor em 2010 e é também um dos autores do samba enredo da grande campeã carioca para 2011. Ele enalteceu a iniciativa de Corumbá de promover um encontro como este, afirmando que esse intercâmbio é muito importante, "principalmente pelo fato de perceber que o desfile das escolas de samba daqui pode se tornar um grande espetáculo, como é o do Rio de Janeiro. Essa conversa sobre samba é sempre bom".
Durante o bate-papo com os compositores e intérpretes locais, Samir contou que, no Rio, há uma espécie de "escritório de samba enredo", e que o resultado é visível ao levar em conta que, das 12 escolas do grupo especial, em apenas três, o "escritório não ganhou com estes sambas enredo". No entanto, ele critico tal critério. "O escritório tem uma fórmula pronta para fazer o samba. Antigamente, a escola tinha sua característica, mas agora está perdendo a sua identidade. Os sambas ficam muito parecidos", comentou, afirmando não seguir a fórmula: "Deixo a inspiração me levar e fazer o melhor possível".
Presente ao evento, José Carlos de Carvalho, presidente e compositor da Unidos da Vila Carvalho, de Campo Grande, destacou que o encontro foi fundamental. "É difícil encontrar pessoas capacitadas, que possam vir e fazer uma reciclagem sobre samba e composição. Tudo que vem de um reduto maior, como o Rio de Janeiro, sobre o carnaval, nos influencia", comentou.