Mãe diz que a vida do filho mudou muito. “Hoje ele me ensina”

Os programas Se Liga e Acelera Brasil estão mudando a rotina de um grande número de crianças corumbaenses e também de seus pais. O resultado desse trabalho desenvolvido em 19 escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme) de Corumbá, fruto de uma parceria entre a Prefeitura e o Instituto Ayrton Senna, pode ser observado na mudança de comportamento dos pequenos alunos, principalmente daqueles envolvidos no Se Liga, todos na faixa etária entre 9 e 14 anos.

"Meu filho tinha dificuldades para tudo. Era uma criança que, até o ano passado, não tinha interesse por nada, não sabia ler, escrever. Nem em casa a gente tinha como ensinar. Hoje, mudou totalmente. O programa foi uma ajuda muito grande. Ele passou a se interessar mais pelas coisas. Está sendo muito gratificante", comenta a dona de casa Ana Maria dos Santos, mãe do pequeno Benedito Souza Picolomine, aluno da Escola Municipal Tilma Fernandes, no bairro da Cervejaria. Na terça-feira (9), ele completou 12 anos de idade.

"No segundo ano, ele repetiu e, agora, no terceiro, iria repetir de novo. Foi emocionante para mim o dia em que ele me mostrou que já estava lendo e escrevendo. Hoje ele até explica as coisas para mim (tarefa). Me ensina como fazer", comemora, antes de entrar na sala de aula, onde o filho integraria o coral para uma apresentação musical, todos com uma folha na mão, na qual estava escrita a letra da canção.

Na opinião da professora Vera Vanjura, tudo é fruto de muita força de vontade, não só da Secretaria Executiva de Educação, da direção da escola, dos professores, coordenadores e supervisores, mas também dos próprios alunos e, principalmente, dos pais, "que devem ajudar". Ela explica que o início foi desafiador. "Tivemos que colocar em prática tudo aquilo que aprendemos em 20 anos de carreira. Não é fácil trabalhar com 18 crianças, cada uma diferente da outra, que apresentam muitas dificuldades e que foram deixadas de lado pelo fato de não aprenderem", diz.

Vera comenta que, após oito meses de trabalho, houve uma mudança radical, inclusive a partir do momento em que as crianças passaram a gostar mais da escola, frequentar as aulas. "Tivemos que resgatar tudo isso, fazer com que os alunos gostassem de estudar, para que possamos atingir a proposta que é aprovar 100% dos nossos alunos", observa.

Acelera Brasil

Juntamente com o Se Liga, a Secretaria de Educação está desenvolvendo o programa Acelera Brasil, que combate os baixos níveis de aprendizagem que causam a repetência de alunos na primeira fase do Ensino Fundamental. Na cidade, está em pleno funcionamento em 14 salas, com cerca de 250 alunos. "É outro programa que tem contribuído muito para reduzir a repetência e a evasão escolar. É direcionado a alunos já alfabetizados, mas que estão atrasados, com idade avançada para aquela série, e que precisavam de um reforço. O resultado está sendo bastante satisfatório", ressalta.

"É um grande desafio", observa a professora Maria Luiza Soares da Silva, da Escola Municipal José de Souza Damy. "No início, a sala era muito agitada, mas estamos conseguindo contornar. Os alunos estão demonstrando interesse, querem descobrir alguma coisa, e isto facilita o aprendizado", comenta.

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