No Dia Mundial de Luta contra a Aids, a cidade de Corumbá reforça a luta contra o preconceito às pessoas portadoras do vírus HIV, e também a necessidade da prevenção contra uma doença que, somente este ano, já causou 14 mortes na região. A data foi lembrada na manhã desta quarta-feira, 1º de dezembro, durante um ato na Praça da Independência, organizado pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Executiva de Saúde Pública, ligada à Secretaria Municipal de Ações Sociais.
Com o tema "Somos iguais, preconceito não", servidores do setor de saúde pública da Prefeitura organizaram a Feira da Saúde na praça, coordenada pelo Centro de Saúde "Dr. João de Brito", referência em doenças sexualmente transmissíveis na região pantaneira, atendendo não só pacientes de Corumbá, mas também de Ladário e até da Bolívia.
É no João de Brito, localizado na rua Cyríaco de Toledo, 1624, bairro Aeroporto, que é desenvolvido o Programa Municipal DST/HIV/Aids, coordenado pelo médico José Márcio Martins Faria. Ele observa que o preconceito é prejudicial e acaba afastando pessoas da busca por informações e até mesmo dos exames para diagnosticar se é portador do vírus e iniciar o tratamento precocemente.
"As pessoas precisam saber se são soropositivos para evitar transmissões e iniciar o tratamento mais cedo, de forma precoce", observa o médico. Conforme ele, a maioria procura o João de Brito, já com a doença. "Quanto mais cedo o diagnóstico melhor para o tratamento. As pessoas devem saber que o vírus não mata, mas destrói o sistema imunológico da pessoa, tornando-a vulnerável a outras doenças que podem levar ao óbito", ressalta.
José Márcio reforça a necessidade constante da prevenção. "Tem que ser todo dia, é fundamental", lembra, citando que, agora em 2010, o carro chefe do programa municipal foi justamente a prevenção, "com uma intervenção mais rigorosa, garantindo à população em geral, estudantes, profissionais do sexo, LGBT, entre outros, maior conscientização para promoção de práticas seguras, com utilização dos métodos de barreiras eficazes que são os preservativos masculinos e femininos".
19 casos
Números do Centro de Saúde "Dr. João de Brito" dão conta que, este ano, até novembro, foram detectados 19 casos positivos para HIV na região, 11 mulheres e 08 homens. José Márcio observa que não são exclusivamente de Corumbá. Lembra também que, de 2000 até hoje, existem cerca de 220 vivendo com HIV/Aids em acompanhamento e tratamento na região (Corumbá, Ladário e cidades bolivianas localizadas nas imediações da Fronteira).
Informa que, mensalmente, acontece uma média de 130 atendimentos no local e que o custo por pessoa está em torno de R$ 2,5 mil, custeado pelo Sistema Único de Saúde. Somente da Bolívia, são cerca de 40 pessoas atendidas pelo programa. "Temos pacientes até de Santa Cruz, na Bolívia. A Aids não tem fronteira e todos precisam ser tratados e medicados".
O coordenador observa que a situação é preocupante e que a região acompanha a tendência nacional, com aumento de casos na faixa etária entre 15 e 49 anos. Revela também que a preocupação se justifica pelos números. De 2000 a novembro de 2010, o programa diagnosticou 139 pessoas portadoras do vírus, e 169 já com a Aids. No período, 82 óbitos .
O programa é desenvolvido todo dentro do João de Brito. No local funcionam o Centro de Testagem e Aconselhamento, Serviço de Assistência Especializada; possui laboratório, onde são realizados os exames (sigilosos) de HIV, Sífilis, Hepatites B e C e bacterioscopia; farmácia; atendimento odontológico; serviço social; enfermagem e psicológico de apoio e acompanhamento a pacientes soropositivos e doentes de Aids.