O Leilão de Transmissão nº. 008/2010 promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e realizado nesta quinta-feira (9) pela BM&FBovespa, em São Paulo, deverá resultar na concretização de diversos empreendimentos industriais em Corumbá, que ainda estão apenas no papel. A afirmação é do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT), ao comentar o evento que resultará na construção de uma nova linha de transmissão que vai quase duplicar a oferta de energia na região da fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia. Isso viabilizará, conforme ele, a instalação de novas indústrias nos setores de mineração e gás natural.
"Um dos principais gargalos para a industrialização em Corumbá é a falta de energia, o que causa insegurança nos empreendedores e impede a fixação de indústrias que, por sua natureza, demandam pesada oferta do serviço", observou Ruiter, avaliando que, com a nova linha e mais 200 Megawatt/hora, a industrialização nos setores siderúrgico e químico se tornará viável. "Isso representa a ampliação da infraestrutura para o desenvolvimento e nos dá a perspectiva de que empreendimentos há muito tempo gestados saiam do papel, tais como a ampliação do polo minero-siderúrgico, a implantação de uma acearia e o polo gás-químico", acrescentou.
O principal benefício que a nova linha de transmissão poderá trazer a Corumbá, ainda na opinião do prefeito, é a viabilização definitiva da construção de uma termelétrica no município, empreendimento desejado desde a implantação do Gasoduto Bolívia-Brasil. Neste caso, a cidade passaria de deficitária para fornecedora e exportadora de energia, já que poderia utilizar a linha para agregá-la ao sistema interligado brasileiro e ainda fornecer o serviços ao país vizinho. "Esse intercâmbio só viria beneficiar os dois países, já que a Bolívia tem gás para oferecer e, ao mesmo tempo, carece de energia para se desenvolver, tanto quanto nós", disse.
Não bastassem as perspectivas de industrialização, a própria termelétrica – caso se concretize, dependendo de acordos entre o Governo Boliviano e a Petrobras (detentora dos direitos de exploração e importação do gás natural) – beneficiaria a população mais diretamente em outro aspecto. Este seria a chegada do produto ao pequeno consumidor, tanto para pequenas indústrias e comércios na área urbana, quanto para uso residencial e veicular. "Esta sequência de fatos culminaria na ampliação da oferta de gás e ajudaria a suprir esta deficiência local, já que o volume atual é todo destinado aos grandes centros consumidores no sul e sudeste do País", completou Ruiter.
Leilão
O leilão realizado pela ANEEL nesta quinta-feira obteve deságio médio de 43,67%, sendo que a Receita Anual Permitida (RAP) das empresas que vão operar as linhas e subestações arrematadas em sete lotes cairá de R$ 93 milhões para R$ 52,42 milhões. Essa diferença contribui para a modicidade tarifária (valor condizente com a capacidade de pagamento dos usuários), pois a receita das transmissoras é um dos componentes do custo da energia. Para o diretor da agência, Edvaldo Alves de Santana, o leilão foi muito bem sucedido, com enormes benefícios para o País tanto pela redução tarifária alcançada pelos deságios, quanto pelo aumento da confiabilidade do sistema elétrico.
Foram licitados oito lotes de empreendimentos, com 555 quilômetros de linhas de transmissão e nove subestações. Os investidores são brasileiros, espanhóis, chineses e portugueses. As obras vão gerar cerca de quatro mil empregos diretos e demandar investimentos da ordem de R$ 785,8 milhões. As linhas e subestações serão construídas em seis estados: Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará. A entrada em operação das linhas de transmissão e subestações varia de 18 a 24 meses. Os empreendimentos estão previstos no Programa de Expansão da Transmissão elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).