O drama da última semana para a aposentada Maria Raimunda Vieira, 68 anos, chegou ao fim. Na manhã desta segunda-feira, 14, ela foi reassentada pela Prefeitura de Corumbá no conjunto Habitacional Ana de Fátima Brites Moreira, após ter sua casa no bairro da Cervejaria interditada pela Gerência Municipal de Ações de Defesa Civil, em virtude de um deslizamento de terra na Alameda Boa Esperança, região de encosta. O desastre aconteceu no dia 7 de fevereiro e a mudança, junto com o esposo José Alcântara, também aposentado, marcou o iniciou uma nova vida.
A família de dona Maria Raimunda é uma das cinco que tiveram suas casas afetadas pelo deslizamento de terra na Cervejaria. Logo cedo, ela e o marido aguardavam a chegada do caminhão que levaria a mudança para a nova morada que conheceu na semana passada, quando foi levada pela equipe técnica social do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), quando fez a vistoria seguindo critérios estabelecidos pelo Governo Federal.
Comemorou ao entrar na nova casa, bem diferente da antiga moradia. "Piso bonito, forro… o que eu quero mais?", disse logo que abriu a porta. "O lugar é confortável, agora vou dormir tranquila", emendou, se referindo às últimas noites no bairro da Cervejaria, onde o medo de um novo deslizamento, não a deixava dormir. "Tinha medo de morrer soterrada. Não desejo a ninguém o que nós passamos lá", frisou.
Enquanto cuidava da mudança e já planejava limpeza da nova casa, dona Maria Raimunda lembrava os vizinhos que ficaram na Cervejaria e aconselhou todos que vivem em áreas de risco: "deixem o local, procurem uma casa mais segura". Lembrou, no entanto, que nos últimos dias, ainda teve pessoas que questionaram sobre a mudança. "Perguntaram por que eu estava mudando. Tenho que ter amor à minha vida. Aqui é tudo plano, asfaltado, escola perto para a minha neta. Não tem o perigo que existe lá. Meu conselho é que todos saiam de lá e venham para cá", afirmou.
Cinco famílias
Ao todo, são cinco famílias que estão deixando o Bairro da Cervejaria. Junto com dona Maria Raimunda, foi reassentada também a família de Laura Patrício Pereira. Ela não acompanhou a mudança. Ficou na antiga casa que, mesmo sob risco de desabamento, vinha sendo ocupada por ela, pelo esposo Ademilson de Deus Pereira, e cinco filhos. Ana Lúcia, 20 anos, estudante, uma das filhas de dona Laura, destacou que as dificuldades dos últimos dias acabaram. "Foi muito difícil, complicado. A gente não tinha para onde ir, não tinha como dormir. Aqui é mais tranqüilo, sem risco de desmoronamento", comentou.
As demais famílias continuarão sendo reassentadas no decorrer da semana. Na parte da tarde, conforme informações da assistente social do PAC, Bruna Maria Morais Cola, aconteceria a mudança da família de Beatriz de Oliveira Souza. Devido à chuva, ficou para quarta-feira (16), junto com a família de Sandra Mary de Arruda. Já a de Andréia Gomes, nora de dona Maria Raimunda, retorna da fazenda onde trabalha na próxima quinta-feira, quando será cumprido todo o cronograma para ser reassentada no novo conjunto habitacional construído pela Prefeitura de Corumbá, em parceria com o Governo Federal, por meio do PAC.