O último ano foi de conquistas para Hospital de Caridade de Corumbá, o maior da região pantaneira, responsável também pelo atendimento à população de Ladário e até das cidades vizinhas localizadas do outro lado da fronteira, na Bolívia. As mudanças vêm ocorrendo desde que a instituição passou a ser administrado por uma junta interventora nomeada pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT), em cumprimento a um acordo judicial assinado por ele, pelo prefeito de Ladário, José Antônio de Assad e Faria (PT), e pelo então promotor de Justiça da Cidadania de Corumbá Ricardo de Melo Alves.
Na avaliação do atual presidente da Junta Administrativa, Daniel Martins Costa, secretário de Finanças e Administração da Prefeitura, que substituiu Lamartine de Figueiredo Costa (assumiu nova função na Prefeitura), duas importantes conquistas foram a recuperação da credibilidade e a humanização do atendimento. Na opinião dele, são dois aspectos fundamentais para o hospital estar vivendo dias melhores, atendendo bem a população corumbaense e ladarense, e ainda a comunidade boliviana.
Ao lado de integrantes da nova equipe administrativa do hospital, o presidente enumerou os pontos positivos, fruto do trabalho nos últimos 12 meses. Disse que ainda há muito por fazer, mas o principal foi que, após assumir uma instituição com uma dívida levantada de aproximadamente R$ 12 milhões com fornecedores, impostos, processos trabalhistas, empréstimos e ações judiciais, a instituição vive outra realidade. Para ele, as mudanças foram para melhor e uma das principais está justamente na recuperação da credibilidade junto ao comércio local, fornecedores e com os mais diferentes segmentos da sociedade organizada.
Daniel, que integra a junta administrativa desde a instalação, em 12 de maio de 2010, lembra que o primeiro passo foi levantar a dívida existente, negociar com fornecedores, além de buscar solucionar outros problemas detectados que, na medida do possível, estão sendo sanados. O levantamento da situação foi realizado pela equipe formada pela junta administrativa, bem como por uma auditoria contratada. A dívida era visível. Só não se sabia o montante.
Enquanto a auditoria desenvolvia seu trabalho, a equipe, conforme esclareceu Daniel Costa, iniciou um trabalho intenso, justamente para recuperar a credibilidade e disponibilizar um atendimento adequado à população. Problemas detectados foram sendo sanados. O primeiro deles foi o Setor de Esterilização que estava deteriorado, sem mínimas condições de funcionamento e ainda por cima, estava irregular. Não atendia as exigência legais. Foi remodelado, atendendo todas as normas da Vigilância Sanitária. O investimento foi de R$ 17 mil, considerado baixo dada à importância do setor.
Credibilidade
A recuperação da credibilidade também foi apontada como um dos principais destaques do novo hospital pelo ex-presidente da Junta Lamartine Costa. Daniel compactua do mesmo pensamento e destacou que a sociedade, de uma forma geral, passou a confiar mais na instituição neste último ano. Hoje, o hospital tem crédito na praça, junto aos fornecedores. Além disso, está tendo apoio de inúmeras instituições que voltaram a participar do dia-a-dia do estabelecimento hospitalar. São os clubes de serviço, empresas locais e até mesmo instituições militares como a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro.
A Marinha, por exemplo, doou recentemente 2.230 peças de roupas que estão sendo utilizadas no cotidiano hospitalar, além de disponibilizar outros tipos de apoio. "Isto é de extrema importância", comenta Daniel, almejando apoio ainda maior. Em sua opinião, o hospital é uma empresa que presta serviços à população e que precisa expandir ainda mais a parceria já existente no momento. Ele quer atrair as grandes empresas corumbaenses que "precisam participar de forma mais ativa, contribuindo para a auto-suficiência da maior instituição de saúde da região".
Daniel lembra que a junta e os integrantes da administração do hospital estão fazendo sua parte. Resultado disso foi a recente transformação que tornou o atendimento mais humanizado, independentemente se o paciente é particular ou conveniado. A humanização teve início no setor de alimentação. Diferentemente do passado, a refeição servida hoje, elaborada de acordo com nutricionistas, é a mesma servida a médicos, enfermeiros, funcionários e pacientes particulares e conveniados, inclusive do Sistema Único de Saúde (SUS), que também é um dos convênios atendidos pela instituição.
Outro fator está relacionado diretamente aos funcionários. A partir da posse da junta, todos passaram a receber seus salários em dia, dentro do mês trabalhado, igualmente aos servidores públicos municipais. Foi uma orientação do prefeito Ruiter Cunha que orientou ainda a liberação de vale transporte (não recebiam tal benefício). Isto, na opinião de Daniel, melhorou a auto-estima dos 315 funcionários, refletindo diretamente no atendimento ao público.