Contra a associação discriminatória: Corumbá dos bons frutos

Cidade localizada no extremo oeste brasileiro, divisa com a Bolívia e o Paraguai, um dos maiores municípios brasileiros com 64.960.863 km², abrigando 60% do território pantaneiro, Corumbá é uma terra de bons frutos.

Terra de Apolônio de Carvalho, militar e importante liderança comunista que foi um dos fundadores do PCB, e que deixou o Brasil durante a ditadura de Getúlio Vargas, tendo passado grande parte de sua vida na Europa, onde lutou contra o nazi-fascismo ao lado das tropas da Resistência na França, o que o tornou um humanista de renome internacional.

Terra de Agripino Magalhães Soares, músico e artesão, nascido ao norte do rio Paraguai. Estivador aposentado, despertou já maduro para a difusão da cultura ancestral e a preservação da viola de cocho e das danças pantaneiras Siriri e Cururu, na década de 1980.

Terra de Ângela Maria Pérez, poeta e ambientalista, dedicada às causas ambientalistas; terra de Carlos de Castro Brasil, poeta e ex-político; terra de Clio Proença, poeta, cronista e radialista; terra de Gabriel Vandoni de Barros, advogado e benemérito corumbaense, pioneiro em obras sociais e culturais no coração do Pantanal.

Terra de José Fragelli, ex-político, ex-governador de Mato Grosso, ex-presidente do Senado da República e presidente interino da República durante o governo do presidente José Sarney.

Terra de Lobivar de Mattos, poeta e escritor do início do século XX caracterizado pela singular sensibilidade social; terra de Pedro de Medeiros, poeta e autor de "Lenda Bororo", que descreve Corumbá e o rio Paraguai com maestria e singularidade;

Terra de Wega Nery, artista plástica de renome internacional, um dos maiores ícones das artes plásticas desde a década de 1960, quando participou de um importante movimento da tendência impressionista.

Terra que acolheu Manoel Wenceslau Leite de Barros, o poeta Manoel de Barros, nascido em Cuiabá (MT), mas que se fixou em Corumbá de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense.

Terra que acolheu Mário Zan que, em sua passagem por aqui, descobriu as belezas da cidade e do seu povo, criando 'Chalana', uma das mais conhecidas músicas sertaneja do Brasil.

Terra de gente boa, pacífica, hospitaleira que sabe como ninguém, bem receber todos aqueles que chegam de outros rincões por este Brasil afora e até mesmo do exterior. Prova disso é a harmonia existente entre os corumbaenses e aqueles que são de outras raças que aqui residem, como os palestinos, árabes, paraguaios, bolivianos, portugueses e muitos outros.

Terra que produz e acolhe bons frutos. Terra que não merece as referências da grande imprensa nacional relacionando-a ao tráfico de drogas e de armas.

Terra que também não merece ser, de forma até discriminatória, estar sendo relacionada ao recente caso ocorrido na Prefeitura de Campinas, quando, de maneira infeliz, um órgão de imprensa daquela cidade, a EPTV.com, afirmou que o prefeito Hélio dos Santos, "entre Governar com técnicos sérios da nossa cidade ou chamar seus estranhos amigos de Corumbá, optou pelos amigos…", e que "não é hora de cinismo, disfarces, licença médica, férias etc. Até os secretários sérios da Administração (sim, existem alguns que não vieram de Corumbá!) mostram-se muito desconfortáveis na continuidade dos seus bons trabalhos".

Que o caso está sendo investigado pela Justiça, todos sabem. Que o vice-prefeito Demétrio Vilagra e o engenheiro Ricardo Candia estão sendo investigados, também. Eles, de fato, são daqui, assim como o prefeito Hélio dos Santos, ex-deputado federal e reeleito prefeito de Campinas, pelos eleitores campineiros. Não teve voto dos corumbaenses…

Mas, Francisco de Lagos Viana, secretário de comunicação; Aurélio Cance Junior, Diretor Técnico da Sanasa; Carlos Henrique Pinto, secretário de Segurança; Alfredo Antunes, Augusto Antunes, Ivan Goretti de Deus, Dalton dos Santos Avancini, Gregório Wanderlei Cerveira, João Carlos Gutierrez, Emerson Geraldo de Oliveira e Maurício de Paulo Manduca, empresários; Luiz Arnaldo Pereira Maier, Marcelo de Figueiredo; João Tomáz Pereira Júnior, Valdir Carlos Boscato, Pedro Luis Ibrahin Hallack e Gabriel Ibrahin Gutierrez, outros envolvidos no processo, não são de Corumbá. São de outras regiões brasileiras.

Por tudo isso, só podemos concluir que o artigo do veículo de comunicação de Campinas foi sim, uma discriminação contra o povo corumbaense. Mesmo porque, 'já condenaram' Ricardo, Demétrio (dois pantaneiros relacionados) e os outros 'estrangeiros', antes mesmo de a Justiça concluir o inquérito, julgar o caso!

É o mesmo ato discriminatório de outros órgãos da imprensa nacional em relação a Corumbá. Quem paga por tudo isso é o corumbaense, povo ordeiro, hospitaleiro, que não merece ver ou ouvir o nome da sua cidade ser propagada como se aqui só existissem bandidos, criminosos, traficantes…

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