Ato cívico-militar marcou mais um dia de comemoração da Semana da Pátria em Corumbá. Organizada pela Prefeitura Municipal, por meio da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, a programação foi iniciada no último dia 1º de setembro e, durante todos estes dias, sempre às 08 horas, a Praça da Independência foi palco da solenidade de hasteamento do Pavilhão Nacional, evento aberto ao público, importante para cultuar a data que o Brasil comemora 189 anos de Independência (07 de setembro).
Nesta terça-feira (06), o ato foi marcado pelas presenças de representantes de quatro Lojas Maçônicas locais: Constância e Esperança, Álvaro de Figueiredo, Sentinela da Fronteira e Estrela do Oriente. Coube à Banda do Exército entoar o Hino Nacional, seguido do Hino da Independência. A bandeira do Brasil foi hasteada pelo integrante da Loja Constância e Esperança, Danilo Vargas, e em nome dos presentes, falou o presidente da mesma instituição, Alberto Gonçalves Neto.
O ato na manhã de hoje na praça antecedeu as comemorações do aniversário da Independência que acontecem quarta-feira (07), em Corumbá. Para este dia, às 09h30, está marcada uma solenidade cívico-militar no mesmo local, com hasteamento do Pavilhão, nas presenças das mais altas autoridades da região, entre elas o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT); comandante da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, general de brigada Carlos dos Santos Sardinha; comandante do 6º Distrito Naval da Marinha do Brasil, contra-almirante Márcio Ferreira de Melo, entre outras. Logo após o hasteamento, às 10 horas, acontece o desfile cívico-militar na Avenida General Rondon.
Discurso
Na íntegra, o discurso proferido pelo presidente da Loja Maçônica Constância e Esperança, Alberto Gonçalves Neto, durante a solenidade de hasteamento da Bandeira Nacional pela Ordem Maçônica de Corumbá:
No mês de setembro de cada ano comemoramos mais um ano da emancipação política do Brasil em relação aos nossos colonizadores, os portugueses. Neste ano de dois mil e onze completamos cento e oitenta e nove anos desde o brado de Dom Pedro de "Independência ou Morte" no dia 7 de setembro de 1822.
A nova Nação que surgia no cenário mundial no ano de 1822 denominava-se "Brasil". Posteriormente com a promulgação da Constituição elaborada por determinação de D. Pedro I e promulgada no ano de 1824 passou a chamar-se "Império do Brasil", perdurando até o ano de 1891; e após a Proclamação da República com o intuito de destacar e reforçar a unidade territorial e o sistema federativo, além, evidentemente, de eliminar os traços da monarquia, nosso país passou a denominar-se "Estados Unidos do Brasil", nome esse que persistiu até a edição da Constituição de 1969, quando os constituintes resolveram alterar novamente o nome da nossa Querida Terra Natal para o atual "República Federativa do Brasil".
O Brasil é o maior país da América Latina e o quinto maior do mundo em área territorial e população com mais de cento e noventa e dois milhões de habitante, e neste quesito somente superado pela China com 1 bilhão e trezentos milhões, Índia com um bilhão e cem milhões, Estados Unidos com trezentos e quatorze milhões e Indonésia com duzentos e vinte e nove milhões de habitante, e a economia é a maior da América Latina e a oitava do mundo.
Esses resumidos dados estatísticos demonstram que nosso país é, na verdade, um verdadeiro colosso no concerto das nações, e caminha de forma irreversível para assumir papel de destaque e liderança no cenário mundial. Porém, é impossível que não se reconheça, enquanto manifesta a necessidade de promoverem-se ajustes estruturais, de natureza financeira e social e principalmente institucional.
Não é novidade, é inescondível a extrema necessidade de implementação de reformas políticas, econômicas e sociais, não que esteja a atual estrutura deteriorada, mas sim porque deve ser compatibilizada com o nosso desenvolvimento, reconhecido até mesmo por organismos internacionais.
Lembramos que a Carta Política de 1988, a chamada Constituição Cidadã pelo saudoso Ulysses Guimarães, continha um dispositivo limitando os juros a doze por cento ao ano, como se possível fosse constitucionalizar a economia nacional sem a individualizar em relação a mundial, e como uma é indissoluvelmente ligada à outra a quadragésima emenda constitucional de dois mil e três extirpou do texto constitucional o controle dos juros da economia brasileira.
Hoje nossa Constituição já foi emendada sessenta e duas vezes, a última foi promulgada no dia 22 de dezembro de 2010. Mas, nem todas alteram princípios e normas de direito positivo, como é o caso da última, a 62ª, que prorroga por prazo indeterminado o Fundo de Erradicação da Pobreza.
Em face desse cenário, a Ordem Maçônica que caminha, funciona e progride orientada pelo princípio humanístico, ético, filosófico, moral e espiritual "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", não se mantêm alheia. Ainda que subsumida ao distanciamento dentro das suas Lojas dos temas políticos e partidários, acompanha discreta e silenciosamente o caminhar da nossa Nação, como discreta e silenciosamente trabalhou árdua e decisivamente pela Abolição da Escravatura, Proclamação da Independência e pela República.
É assente no nosso meio que o Ser Humano há que precisar a hora de avançar e a hora de recuar e a hora de bater e a hora de acariciar, o quê não é novidade, afinal de contas nada mais é do que o princípio chinês do Ing – Yang, que representa a dualidade, ou seja, o bom e o mau e o positivo e o negativo, decorrendo disso a necessidade de estabelecer-se o chamado meio termo entre os extremos. Entendemos que esse equilíbrio é essencial para a estabilidade da pessoa humana, de um grupo de pessoas humanas, do núcleo familiar, de uma empresa, de uma cidade, de um Estado, de uma Nação, e, da Ordem Mundial.
Sob o foco desse conceito a Ordem Maçônica acompanha atentamente as mudanças que se processam na nossa Nação, e por sua vez promove internamente as mutações necessárias para assegurar seu escorreito funcionamento, mediante o aperfeiçoamento da sua legislação e combate aos desvios comportamentais dos seus integrantes, inerentes à pessoa humana.
Pensamos que somente o verdadeiro equilíbrio entre os Poderes constituídos e as instituições permanentes e essenciais à vida da Nação assegurará a continuidade do nosso processo de independentização, sim, porque independência é uma situação de autonomia instável, e sua perenidade depende de atos e fatos concretos e contínuos para sua manutenção.
A Independência do Brasil, portanto, não é um procedimento findo e acabado, mas sim um processo eterno de conquistas somente possível através de ações nobres e magnâminas não só do Povo Brasileiro, mas principalmente das autoridades constituídas em prol dos Interesses Maiores da Nação, ocupantes de lugares na pirâmide de cargos públicos, eletivos ou não, criados em nome do Povo, para servir o Povo e pagos pelo Povo, portanto sob os Auspícios do Povo. Essas ações não se apresentam difíceis e inalcançáveis, mas concretizáveis via aplicação de uma metodologia de substituibilidade, como sendo a abnegação no lugar da ambição, a humildade no lugar da vaidade, a modéstia no lugar da arrogância, a tolerância no lugar da inflexibilidade, a fraternidade no lugar da desarmonia, a liberdade no lugar da submissão e a igualdade no lugar na desigualdade.
Afinal de contas, como deixou gravado na História da Humanidade o maior Pregador da Igreja Católica, Padre Antonio Vieira: "Entre o pó que fomos e o pó que havemos de ser, há um pó muito mais difícil de perceber – o pó que somos".