Escolas de Fronteira une países vizinhos por meio da Educação

Professores
brasileiros e bolivianos de escolas de Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e
Puerto Suarez trocariam pelo menos uma vez por semana as respectivas salas de
aula para a implantação de um projeto nos moldes das Escolas Interculturais
Bilíngues de Fronteira, sob responsabilidade do Ministério da Educação. A
proposta foi apresentada na manhã desta quinta-feira (8) durante o I Encontro
de Educação na Fronteira no Centro de Convenções do Pantanal Miguel Gómez.

O evento foi
organizado pelo Grupo de Pesquisa/CNPQ Linguagens em Fronteiras da Universidade
Federal, em parceria com a Prefeitura de Corumbá, por meio da Secretaria de
Educação e visa implantar um projeto piloto de integração entre escolas do
Brasil e da Bolívia na região de fronteira. O encontro foi acompanhado por
professores e diretores dos dois países que buscam estreitar os laços por meio
da educação. A proposta inicial é utilizar os modelos implantados desde 2005
nas fronteiras entre Brasil, Argentina, Paraguai e Venezuela.

"O objetivo não
é ensinar a língua portuguesa ou espanhola e sim ensinar na língua", explicou a
professora Eliana Sturza, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que
trabalha com o projeto em escolas fronteiriças no Rio Grande do Sul. Para ela,
a linguagem utilizada durante o intercâmbio de professores nas salas dos dois
países "não é um objeto e sim instrumento", explicando que é de interesse do
Ministério da Educação levar o projeto para todas as fronteiras interessadas na
integração.

Para o
secretário municipal de Educação, é necessário readequar as grades curriculares
das escolas que estão na faixa fronteiriça. "Queremos que deixem de ensinar o
inglês e passem a aplicar o espanhol", afirmou. Segundo Hélio, desta forma
haveria maior rendimento dos 582 alunos bolivianos que estudam na Rede
Municipal de Ensino e Corumbá e também dos estudantes brasileiros. "A taxa de
repetência é alta entre os alunos bolivianos, pois muitos não conseguem fazer o
dever de casa por não dominar o português", observou.

A iniciativa de
integrar as escolas bolivianas e brasileiras surgiu da professora do CPAN
Suzana Mancilla. "Precisamos aprimorar esse contato cultural. Saber como vivem
essas pessoas da mesma região e como podemos promover o intercâmbio cultural. A
finalidade do projeto é a aproximação, para que possamos nos conhecer e trocar
experiências", explicou Mancilla. A coordenadora do curso de Letras do Campus
do Pantanal, Elizabeth Bilange, pontuou a necessidade de aprimorar as propostas
e já definir uma direção para o projeto. "Temos que sair desse encontro com um
norteador dos trabalhos", disse a professora.

Também
participaram do encontro as representantes das secretarias de Educação de
Puerto Quijarro e Puerto Suarez. "Estamos no processo de implantação de uma
nova lei na qual será obrigatório o ensino uma língua nativa de cada
localidade, lamentavelmente não poderemos ensinar a língua nativa que seria
chiquitana, mas queremos implantar o português como segunda língua. Podemos fazer
um convênio com a secretaria municipal de Educação de Corumbá para que possamos
levar esse projeto adiante", disse Aida Maria, de Puerto Suarez.

Ela também
ressaltou que os bolivianos possuem familiaridade com a língua portuguesa porque
anos atrás, somente existia o sinal das emissoras de televisão brasileiras.
Apesar disso, os bolivianos ainda não dominam a gramática. O evento integra o
III Seminário de Estudos Fronteiriços e o XIX Encontro Sul-mato-grossense de
Geógrafos, coordenado pelo professor Edgar Costa, que acontece nesta semana, em Corumbá. Também
participaram do evento, acadêmicos dos cursos de Letras habilitação
Português/Inglês ou Português/Espanhol, além de alunos de Pedagogia e Educação
Física, todos do Campus do Pantanal.

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