Prefeitura e Consulado buscam solução para pedintes bolivianos

Levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Cidadania constatou um aumento na quantidade de cidadãos bolivianos pedindo esmolas nas ruas de Corumbá. Eles geralmente se posicionam na frente das agências bancárias da cidade e abordam todos que transitam pelo local. Não raramente, estes pedintes se utilizam até de crianças para tentar sensibilizar os transeuntes. Para tentar solucionar este problema, os secretarios Haroldo Ribeiro Cavassa (Assistência e Cidadania) e Cássio Augusto da Costa Marques (Gestão Governamental) se reuniram nesta quinta-feira (15) com o cônsul Juan Carlos Romero e o defensor público da Bolívia, Osman Méndez Vaca.

Durante o encontro, foram propostas alternativas para possibilitar a inclusão social destes bolivianos e tirá-los desta situação de vulnerabilidade social. “Nosso objetivo é traçar, de forma conjunta, uma política pública que atenda estas pessoas. São quase todas mulheres e que podem, depois de capacitadas, encontrar uma vaga no mercado de trabalho, seja em Corumbá ou mesmo em sua terra natal”, explicou Haroldo. Uma das possibilidades avaliadas é estender os cursos de geração de renda oferecidos pela Prefeitura para os irmãos bolivianos.

“Podemos abrir as portas para a qualificação profissional, através de cursos específicos, como a panificação, confecção, corte e costura, maquiagem, manicure e pedicure, hotelaria e outros oferecidos pelo Centro de Qualificação para o Trabalho Dom Bosco”, propôs o secretário de Assistência e Cidadania. Segundo ele, muitos bolivianos já são beneficiados pelo projeto. Ainda assim, conforme a necessidade, o Município pode abrir turmas específicas para atender este público.

“A intenção da Prefeitura é oferecer a estas pessoas um atendimento social igual ao disponibilizados aos cidadãos corumbaenses. Ou seja, não queremos punir ou estigmatizar estes pedintes bolivianos, mas sim dar condições para que possam se reencontrar socialmente”, ressaltou Cássio Augusto. Para o cônsul da Bolívia em Corumbá, a mendicância acaba prejudicando a imagem de seus conterrâneos na região. Juan Carlos Romero afirmou que vai notificar estes pedintes sobre a infração que estão cometendo no Brasil.

Do lado boliviano, a primeira providência será identificar de quais regiões são estas pessoas. “Vamos conversar com os administradores de Puerto Quijarro, Puerto Suarez e de outras localidades próximas para conhecer os motivos que trazem estas pessoas para cá”, comentou Osman Vaca. “Somente através da cooperação mutua podermos resolver esta situação”, avaliou o defensor. Ainda neste mês, outra reunião será realizada na Secretaria de Assistência e Cidadania de Corumbá para dar continuidade ao trabalho.

Má-fé

Segundo o cônsul da Bolívia em Corumbá, existe a suspeita de que grupos organizados estejam explorando estes pedintes na faixa de fronteira. “Temos a informação de que algumas dessas pessoas chegam à cidade de táxi e voltam para lá da mesma forma. Do outro lado da fronteira, eles dividiam o dinheiro com os chefes do esquema”, afirmou Juan Carlos Romero. Para esclarecer esta denúncia, funcionários do Consulado boliviano vão acompanhar as técnicas da Assistência Social durante as entrevistas.

“Quase sempre nossos servidores são mal tratados por estas pedintes. Depois da abordagem, elas se negam a responder os questionamentos e alegam não entenderem o português”, comentou Adelma Galeano, gerente de Programas e Projetos Sociais da Prefeitura de Corumbá. O Município já realizou o cadastro de todos os moradores de rua da cidade. Na maioria das vezes, a condição de vulnerabilidade social é provocada pelo abuso e dependência de álcool e drogas. A Secretaria promove regularmente o acompanhamento e o encaminhamento destas pessoas.

Avanços

Neste mês, como parte das comemorações dos 233 anos de Corumbá, um espaço adequado para atender migrantes e pessoas em situação de rua será entregue pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT). A obra vai oferecer condições dignas às pessoas que chegam de outras regiões, ou mesmo aqueles que são conhecidos como moradores de rua, enquanto uma equipe inicia a busca por familiares, visando a reaproximação, contribuindo para que retornem aos lares.

A reforma e ampliação do Albergue da Fraternidade José Lins faz parte de um pacote de obras no valor de R$ 3.671.980,93 para atender instituições assistenciais na cidade, recursos próprios, oriundos do Fundo Municipal de Investimento Social (FMIS). No local, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania vai implantar um grande projeto social para atender esta clientela. A equipe que vai trabalhar no novo albergue, será responsável inclusive pela viabilização de documentos dos migrantes e moradores de rua, caso não possuam, além de serem encaminhados a cursos profissionalizantes, visando inserção no mercado de trabalho, enquanto aguardam a reinserção familiar.

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