Apontado como um dos principais programas sociais de Corumbá, o "Se Essa Rua Fosse Minha", além de urbanizar ruas e alamedas da cidade e resgatar a autoestima das comunidades atendidas, está permitindo também a inclusão de pessoas que, até bem pouco tempo, se sentiam excluídas socialmente. É o caso específico de Paulo Silva Munhoz, 43 anos (completados em 20 de setembro, véspera do aniversário da cidade), um dos 55 integrantes da oitava edição da ação, que está levando melhorias para regiões dos bairros Guató e Cristo Redentor.
Hoje, Paulo virou o centro das atenções do grupo de calceteiros (como são conhecidos) do Guató. Esta semana, ele ampliou suas funções. Além de fabricar, assentar lajotas e construir meiofio, se tornou o novo instrutor da turma. Com uma agulha de plástico, régua fabricada com palitos de picolé e linha, ele está ensinando técnicas de produção de redes de descanso às suas companheiras, um ofício que aprendeu com o pai, Creudo Ramos Munhoz, aos 12 anos de idade. "Na época a gente fabricava tarrafa e rede para pesca. Hoje isto está proibido e me aprimorei em fabricar redes de descanso que servem também como enfeites para varandas", disse.
A habilidade de Paulo Munhoz ficou conhecida das demais pessoas que integram o seu grupo, no início das oficinas que a Prefeitura, por meio da Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, desenvolve dentro do "Se Essa Rua Fosse Minha", como parte do programa de acesso à produção e geração de renda às pessoas desempregadas. Na época, ele estava participando de um curso de fuxico, sob orientação da instrutora Naudilene Ojeda (Chanduquinha). Mostrou uma peça pronta, chamando a atenção de todos.
Agora, por iniciativa da coordenadora do programa "Se Essa Rua Fosse Minha", secretária especial de Integração das Políticas Sociais Beatriz Cavassa de Oliveira, Paulo Munhoz está repassando as técnicas de produção de rede às demais pessoas que integram a turma da região do Guató. A primeira aula foi na terça-feira (04), acompanhada pela assessora da secretaria, professora Eulina de Medeiros Vieira, e por um dos responsáveis pela parte técnica do programa, Nilson Lino Xavier.
Foi Nilson que convidou Munhoz a participar desta oitava edição. "Estava mantendo contato com as famílias do Guatós, convidando a comunidade a participar do programa e quando estava na casa da irmã dele, a Glória, conversamos e ele aceitou o convite", disse Nilson, observando que foi justamente sua irmã, a principal responsável pela sua participação no programa.
Paulo Munhoz é albergado e a sua participação nesta edição só foi possível após cumprimentos dos trâmites legais. O resultado já é considerado altamente positivo, tanto é que os responsáveis pelo sistema, já estão em entendimentos com a Prefeitura, para inclusão de mais pessoas nas próximas edições. "Meus companheiros já me perguntaram se não tem nenhuma vaga aqui para eles", comenta o novo instrutor que comemora uma nova etapa na sua vida.
"Está sendo super legal ensinar o que eu sei para o pessoal", disse, para em seguida afirmar que o grupo se transformou em "uma família". Ao seu lado, aprendendo as primeiras técnicas, Joana do Socorro Ibanhez, 43 anos, uma das mais animadas do grupo do Guató. Atenta, disse que está aprendendo mais uma profissão dentro do programa, para elogiar Paulo, pessoa que já faz parte da "vida de todos nós".
Quem também enalteceu as habilidades de Paulo foi a professora Eulina. "Achamos interessante o trabalho que ele faz e é importante ele ensinar sua técnica aos demais. Tudo isso está reforçando ainda mais a inclusão social e o resgate da autoestima dele. Hoje, já podemos dizer que ele está integrado, demonstrando vontade inclusive de ensinar. É uma lição de vida que o Paulo está oferecendo".