Servidor: Dança, arte que humaniza, sensibiliza e amplia o olhar

Especial Servidor Público

"Minha vida é a dança e, por isso, busco agregar o máximo de conhecimento e trabalhar questões como sexualidade, drogas, entre outras"

Quando Rafaela Bilhares Sales tinha apenas seis anos, seu pai viu as inscrições abertas para uma escola de dança e decidiu matriculá-la. Era a Oficina de Dança de Corumbá, então com um ano de funcionamento, cujos professores ainda se esforçavam para atrair alunos. "No começo foi tenso, pois eu era desengonçada e, além do meu pai, ninguém da minha família via graça no balé. Mas peguei o jeito, adaptei-me às aulas e hoje a dança é minha vida e minha rotina. Há 10 anos vivo entre a escola e a Oficina", diz a estudante de 16 anos.

Ela é uma das mais de 100 alunas que preenchem o cotidiano da psicóloga e professora de dança Lucimeire Montenegro de Freitas, uma das fundadoras da instituição que atende mais de 600 crianças e jovens corumbaenses. Dançarina desde os sete anos, especialista em arte-terapia e mestranda em educação especial, ela utiliza as técnicas e conceitos de sua formação acadêmica para facilitar o aprendizado dos alunos. "Minha vida é a dança e, por isso, busco agregar o máximo de conhecimento e abordar questões como sexualidade, drogas, entre outras", afirma.

"Trabalhar com dança é uma alegria, principalmente pelas minhas alunas. Quando chego à Oficina, nos abraçamos e brincamos, depois discutimos músicas, temáticas, expressões e sentimentos que cada música evoca em cada uma", relata a professora. Conforme ela, isso permite com que hoje a montagem das coreografias tenha a contribuição e a criatividade de cada aluna. "Para isso, elas têm de estudar, pensar na movimentação e nos elementos da dança: peso, espaço, tempo, fluência…", acrescenta.

Para Lucimeire, a dança é que uma arte completa, que humaniza, sensibiliza e amplia o olhar de quem a pratica, pois trabalha o indivíduo enquanto corpo e mente, ou seja, o físico e o cognitivo. Neste sentido, ela aponta benefícios como o educativo, em relação às crianças de três a quatro anos que começam na instituição antes mesmo do contato com a escola formal; a qualidade de vida oferecida às mães dos alunos, que também têm a oportunidade de praticar a arte; e a inclusão social de adolescentes que viviam na rua, em gangues, e hoje encontraram o prazer no balé.

Embora não tenha sido o caso de Rafaela, ela reconhece a importância da dança para a formação de cidadãos plenos. "Eu adquiri muita disciplina e percepção de coletividade. E tenho certeza que isso me ajuda muito como pessoa. Por isso, quero levar o balé para sempre comigo, pois me ajudará em minha futura carreira como médica", diz.

"Com a dança, adquiri muita disciplina e percepção de coletividade. E tenho certeza que isso me ajuda muito como pessoa"

(Fatos narrados em dezembro de 2010)

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