Servidor: Entre a dor e o trauma, uma fonte de amor e felicidade

Especial Servidor Público

"Sinto que foi Deus quem me mandou fazer enfermagem para poder me doar e ajudar o próximo fragilizado. É um ato completo de entrega e amor"

Havia 30 dias que o técnico em enfermagem Edivaldo Paulino da Silva, 41 anos, encontrava-se imóvel sobre uma das camas do Hospital de Caridade de Corumbá – após ter fraturado o quadril (acetábulo) em um gravíssimo acidente de moto -, quando foi operado por um médico ortopedista. O cirurgião, inexistente na cidade, e as placas de metal colocadas para que o fêmur não saia do lugar, foram trazidos de Campo Grande após um longo trabalho ‘empreendido' pelos próprios colegas de trabalho na instituição.

Uma delas foi a enfermeira do Centro Cirúrgico, Thammarra Coelho Torres. Ao ver o colega sem condições de ser transferido para a capital do Estado e sofrer a cirurgia, mobilizou-se para trazer o especialista e os materiais necessários até ele. "Tentaram me transferir, mas não tinha vaga e, além disso, o transporte seria muito complicado. Então, desde que soube do meu acidente, a Thammarra veio me ajudar e me dar força, tornando possível a minha operação aqui mesmo", relata Edivaldo.

Responsável por cuidar dos pacientes da instituição nos momentos mais delicados, os procedimentos cirúrgicos, ela conta que lidar com situações dramáticas faz parte de sua rotina. Entre elas, vítimas de graves acidentes que precisam ser operadas com urgência, ou ainda pessoas com câncer que sofrem a intervenção para retirada de tumor. "É muito comum ver pessoas morrer na mesa de cirurgia, a minha profissão torna esse fato inevitável. Muito mais frequente e recompensador, no entanto, é quando conseguimos salvar vidas que pareciam perdidas: muitas vezes, pessoas em estado tão grave que é difícil acreditar que sobreviverão e, quando acontece, é uma emoção inexpressável", ressalta.

Mesmo tendo contato limitado com os pacientes, normalmente restrito aos momentos em que eles ficam no Centro Cirúrgico, Thammarra enfatiza que é frequente a criação de um vínculo afetivo, principalmente com a família. "Nesses momentos, nós enfermeiras atuamos como uma ponte entre a pessoa e seus familiares, que nos veem como um elemento de calma e segurança", afirma.

Apesar do ambiente marcado pela dor e pelo trauma, a enfermeira diz que seu trabalho é uma grande fonte de realização pessoal, a cada vida que salva por uma intervenção cirúrgica. "Cada melhora de um paciente é como se fosse uma vitória minha, é um motivo de felicidade. Sinto que foi Deus quem me mandou fazer enfermagem para poder me doar e ajudar o próximo fragilizado. É um ato completo de entrega e amor", conclui.

"Quando soube do meu acidente, a Thammarra veio me ajudar e me dar força, tornando possível a minha operação aqui mesmo em Corumbá"

(Fatos narrados em dezembro de 2010)

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