Cururueiros, carnavalescos, dançarinos, bailarinas, festeiros, músicos, cantores, grafiteiros, aderecistas, professores, alunos, políticos, padres, pais de santo, militares, jornalistas, advogados, crianças, adultos e idosos. Todos reunidos no ILA, coração da cultura corumbaense, para se despedirem de Heloísa Helena da Costa Urt, ou simplesmente Dona Helô, diretora-presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, falecida na tarde desta quarta-feira (23) na Santa Casa da cidade.
No espaço em que as principais manifestações culturais da cidade ganham forma, onde trabalho, alegria e a cobrança por bons resultados sempre caminharam juntos nos últimos anos, o clima foi de comoção e saudade pela partida de Helô. A Oficina de Dança do Pantanal, a Banda Manoel Florêncio, o conjunto MJ6, o grupo de cururueiros da cidade e o Moinho Cultural Sul-Americano prestaram homenagens a uma das maiores entusiastas da história cultural do Pantanal. Com certeza, da forma como ela gostaria que fosse.
"Ela representou muito para a cultura pantaneira. E o mínino que podemos fazer por ela é não deixar que essa chama que ela reacendeu se apague. Ela foi a responsável por resgatar a tradição que, hoje, voltou com força, assim como a valorização dos artistas locais. Sua característica maior era fazer tudo com amor, era uma pessoa extremamente generosa", disse o deputado estadual Paulo Duarte (PT), que desde as primeiras horas da manhã participou do velório da companheira de lutas.
"Ela deixa uma irreparável lacuna nessa área. Além de ser uma parceira importante para o desenvolvimento da cultura de Mato Grosso do Sul, Heloísa sempre foi uma amiga querida e de espírito elevado", comentou o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Américo Calheiros, no site oficial da instituição. Em nota, o senador Delcídio do Amaral também lamentou o falecimento de Helô.
"É uma perda irreparável para o PT, Corumbá e todo o Mato Grosso do Sul. Companheira histórica e uma das maiores lideranças do Partido dos Trabalhadores, Helô era uma mulher digna, inteligente, profunda conhecedora da nossa história e da nossa gente, uma referencia para todos nós que amamos Corumbá e o Pantanal. Sem dúvida alguma vai fazer muita falta. Rezo para que Deus ilumine seu caminho e conforte seus amigos e familiares", afirmou o senador.
O ex-governador Zeca do PT foi outro que manifestou sua profunda tristeza pelo ocorrido. "Helô Urt, como era conhecida, deixa para nós uma grande história de construção no movimento cultural e na luta feminista por uma sociedade mais justa e igualitária. Helô, que foi fundadora do PT de Corumbá, candidata à vereadora e ex-presidenta do Diretório Municipal do PT de Corumbá, deixará em nós a saudade e o seu legado", enfatizou Zeca, recordando uma das celebres frases do revolucionário Che Guevara: "Um companheiro de luta nunca morre, apenas descansa".
Gilda Maria dos Santos, mulher do ex-governador de Mato Grosso do Sul, também homenageou a amiga. "Faço das palavras de Zeca as minhas. Que Deus conforte a família e os amigos desta grande guerreira. Ficarão as lembranças da nossa luta e militância no movimento das mulheres, por mais justiça e igualdade social. Sem sombra de dúvidas esta grande companheira deixa para todos nós uma linda história de luta". No governo Zeca, Helô foi gestora do ILA, onde deu início ao processo de fortalecimento das manifestações culturais típicas da região.
Perto do meio dia, o corpo de Heloísa Helena deixou a Casa de Cultura, ao som da Marcha à Corumbá, e seguiu para o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Ladário, acompanhado por centenas de veículos. Uma bandeira da Bolívia, outra cultura intensamente defendida pela diretora-presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, seguiu todo o cortejo. Uma missa de corpo presente está marcada para às 16 horas. Logo em seguida, ela será sepultada no cemitério ladarense.