Corumbá inicia pesquisa para detectar pessoas com Falciforme
Apesar de ter sido descoberta há mais de 100 anos, a anemia falciforme ainda é desconhecida da maioria da população brasileira. Trata-se de uma doença genética que afeta um em cada mil cidadãos brasileiros. Em Corumbá, a situação não se difere das demais regiões do País, com um agravante: a cidade não possui especialistas para tratar de pacientes com este problema, o que acontece em Campo Grande. Além disso, não há informações concretas sobre o número de pessoas afetadas.
Reverter o quadro atual é um dos principais desafios da diretoria da Associação Corumbaense das Pessoas com Doenças Falciformes (Acodfal), empossada na noite de quinta-feira (17), em solenidade na Casa da Cidadania. O ato foi comandado pelo gerente de Igualdade Racial, Davi Vital do Rosário, pasta ligada à Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, e integrou as atividades da Semana da Consciência Negra.
A diretoria da primeira associação criada no Mato Grosso do Sul tem como presidente Walthenia Agda Costa. Além dela, foram empossadas também a vice presidente, Rosa do Nascimento Marciel; 1ª secretária, Juliana da silva Paes; 2ª secretário e diretora de planejamento, Claudia Natasha Passi Daged; 1ª tesoureira, Rosemeire Alves da Cunha Moraes; 2ª tesoureira e diretora de políticas sociais, Terezinha Mansur. O Conselho Fiscal ficou formado por Neide Santos Costa, Magna Auxiliadora Martinez e Joana Gleice Diniz.
"Já iniciamos um levantamento para sabermos quantas pessoas sofrem com a doença em Corumbá. Em uma busca ativa, detectamos 125 casos, um número bastante grande", afirmou a presidente Walthenia, 36 anos, portadora da doença.
Ela destaca que, além dessa pesquisa para detectar o número de pessoas com anemia falciforme na cidade, outro desafio será fazer com que todos passem a realizar o tratamento no próprio município e não mais em Campo Grande, como ocorre atualmente.
"Não temos um médico especialista (hermatologista) na rede pública mas já avançamos. A Secretaria Municipal de Saúde já se dispôs a capacitar uma equipe para atender os pacientes aqui mesmo. Isto nos dá maior tranquilidade", diz Walthenia que destacou o apoio recebido da secretária de Integração das Políticas Sociais, Beatriz Cavassa de Oliveira. "Ela nos proporcionou uma abertura muito grande para chegarmos aos órgãos do setor de saúde para estas conquistas", disse.
Equipe reforçada
A presidente lembra que o trabalho será árduo. No entanto, demonstra confiança. É que, além do apoio da Prefeitura, ela conta com uma equipe capacitada, reforçada por psicóloga e assistente social, dentro da Associação. "Além disso, temos o Davi que é nosso presidente de honra e que nos tem dado também um grande apoio", observou.
Davi do Rosário, durante a posse da diretoria, destacou o ato. "São duas datas importantes, o dia 27 de outubro, quando a Acodfal foi criada, e hoje, 17 de novembro, com a posse da diretoria", destacou, para acentuar que o trabalho do grupo será vital para melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem com a doença.
"Não temos um médico especialista na cidade, mas já estamos em entendimentos com a Secretaria de Saúde, que deverá disponibilizar uma equipe capacitada, formada por clínico geral, dentista, assistente social e outros profissionais para atendimento na cidade. Não sabemos quantas pessoas sofrem de anemia falciforme na cidade, mas, somente crianças com até sete anos, já estamos com 70 cadastradas. Por isso é importante tratar aqui, termos uma equipe capacitada, e evitar encaminhar nossos pacientes para Campo Grande", disse Vital.
A Acodfal foi criada em atendimento a uma das determinações do I Colóquio sobre Anemia Falciforme, realizada em Corumbá pela Gerência da Igualdade Racial, que participou de forma decisiva na fundação da nova instituição, que vai atuar na defesa dos direitos das pessoas com falciforme, além de esclarecer à população sobre a doença, que é grave, sem cura, e pode trazer implicações sérias e até mesmo levar à morte.