Especial Servidor Público
"Acredito que essas pessoas estão bem mais preparadas para enfrentar a vida, podendo superar a vergonha e andar de cabeça erguida"
Os R$ 40 que recebe por dia trabalhado e mais o benefício do programa Bolsa Família ainda não são suficientes para cuidar dos quatro filhos e, por isso, a doméstica Nancy Rondon Medrano, 47 anos, buscava outra fonte de renda. Morando em um casebre de madeira no bairro Popular Velha, ela espera se mudar para uma casa nova do programa Pró-moradia no bairro Aeroporto, juntamente com outras 337 famílias de Corumbá. Enquanto isso, não perde uma atividade social do programa do Governo Federal, executado em parceria com o Município.
Uma dessas atividades foi a oficina de geração de renda e meio ambiente, na qual aprendeu a fabricar detergente e amaciante biodegradáveis. O resultado foi, conforme ela, uma maravilha, pois pegou a receita e logo fez muitas garrafas dos produtos e as vendeu para vizinhos, conhecidos e parentes, a R$ 1 cada. Sozinha para cuidar dos filhos, ela pretende levar o ‘negócio' adiante e faturar, reciclando garrafas de refrigerante e água mineral e colocando os meninos para ajudá-la a vender.
A mudança de perspectiva na vida da doméstica é um dos resultados do trabalho da equipe de assistência social do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que inclui palestras e reuniões regulares com as famílias beneficiárias, oficinas e cursos profissionalizantes, como de reciclagem, informática, cabeleireira e garçom, entre outros. De acordo com a assistente social Marcely Hofmann Monteiro Jacques, as palestras abordam temas desde convivência entre vizinhos até aspectos técnicos do projeto das casas e de meio ambiente.
"Em geral, essas famílias vivem em situação crítica, em barracos sem banheiro e condições de higiene, dependendo da renda do Bolsa Família. Por isso, o trabalho de assistência social é tão importante, pois permite a inclusão delas na sociedade e o resgate da auto-estima", explica Marcely. Ela conta que, com atividades simples, como dinâmicas de grupo, muitas pessoas trocaram telefones, tornaram-se amigas e agora ajudam umas às outras. Além disso, graças a palestras sobre igualdade racial e de gênero, muitas mulheres conquistaram a independência.
"Acredito que essas pessoas estão mais preparadas para enfrentar a vida, pois, com casa e uma nova uma fonte renda, elas podem andar de cabeça erguida e superar a vergonha de existir", avalia a assistente social. É o que confirma Nancy: "O que estou aprendendo vai fazer toda a diferença em minha vida e, principalmente, no futuro dos meus filhos".
"As coisas que estou aprendendo vão fazer toda a diferença em minha vida e, principalmente, no futuro dos meus quatro filhos"
(Fatos narrados em dezembro de 2010)