Inundações, um dos principais dramas da população nas duas últimas décadas, estão sendo combatidas com firmeza pela Prefeitura de Corumbá, com a execução de um audacioso projeto que inclui grandes galerias celulares e drenagens de águas pluviais. Para se ter uma ideia, nos últimos sete anos, nenhuma obra de pavimentação asfáltica é executada sem drenagem, uma determinação do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) que, antes de assumir a primeira gestão, em janeiro de 2005, acompanhou de perto um drama da população, principalmente da parte alta que conviveu com alagamento de ruas e residências.
Na época, as chuvas causaram problemas na maioria dos bairros da parte alta, principalmente no Aeroporto, Nossa Senhora de Fátima, Popular Nova, Popular Velha, Cristo Redentor, Cravo Vermelho, entre outros. Uma das primeira medidas adotadas pelo prefeito foi alterar um projeto que estava por iniciar na Rua Gonçalves Dias, no Aeroporto, que previa apenas drenagem superficial seguida de pavimentação asfáltica, o que não seria suficiente para livrar a região dos problemas de inundações. Projeto refeito, com drenagem profunda, o serviço foi executado, permitindo maior tranquilidade aos moradores da região.
Ao mesmo tempo, a orientação do prefeito foi para desenvolvimento de projetos importantes para sanar o drama das chuvas. E a primeira proposta foi a execução de galerias celulares em locais estratégicos da cidade, para captar toda água que desce da região sul (parte alta), canalizando-a até o Rio Paraguai. Segundo Ruiter, isto era necessário para evitar transtornos como os ocorridos nos anos de 1992, fim de 2004 e início de 2005. Enquanto não conseguia recursos para implantar as galerias, a Prefeitura implantava drenagens e vias públicas, antes da pavimentação asfáltica.
As galerias vieram a partir do estabelecimento de uma parceria com o Governo Federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Trata-se de um grande projeto iniciado pela região leste da cidade, e que hoje está atendendo os bairros Nossa Senhora de Fátima e Aeroporto. São obras projetadas e que estão sendo interligadas às galerias existentes na área central, bem como a uma outra existente no Aeroporto Internacional, que deságua na Baia do Tamengo.
São quatro galerias, duas delas no Aeroporto, um dos mais castigados pelas chuvas e também devido à grande quantidade de minadouros existentes naquela localidade. A primeira, iniciada em 2010, está sendo implantada na Rua Joaquim Wenceslau de Barros. No mesmo bairro, a Prefeitura está executando uma segunda galeria que vai atender não só a região, mas também a Popular Nova, Jardim dos Estados e imediações.
A galeria celular está sendo implantada na Rua José Fragelli, cortando todo o bairro Aeroporto, da Wenceslau de Barros até a Dom Pedro II, na Popular Nova, cerca de um quilômetro. Os serviços estão em pleno andamento e as dificuldades são inúmeras, principalmente devido a trechos de muita pedra, e outros considerados verdadeiros brejos, com grande quantidade de minadouros, que acabam causando inúmeras inundações em períodos de chuvas, inundando ruas e casas no Aeroporto.
A intenção do prefeito Ruiter Cunha é justamente eliminar estes minadouros com a implantação da galeria que estará interligada à rede de drenagem já executada no bairro, bem como ao outro grande empreendimento da Rua Joaquim Wenceslau de Barros. As dificuldades em executar a obra já era esperada pelo secretário de Infraestrutura, Habitação e Serviços Urbanos, engenheiro Ricardo Ametlla. "Estamos implantando uma galeria em uma região com excesso de minadouros e são eles que provocam as inundações na região. A obra será justamente para eliminar este problema, canalizando a água até a outra galeria da Wenceslau de Barros", diz, lembrando ainda as dificuldades enfrentadas em razão do solo rochoso.
Ricardo Ametlla observou que a obra em fase de execução no Aeroporto foi uma orientação do prefeito Ruiter para resolver um antigo drama dos moradores do bairro. Ele lembrou o início da primeira gestão do chefe do executivo, quando foi necessário refazer o projeto de drenagem para sanar problemas de enchentes na Rua Gonçalves Dias. Disse que desde aquela época, o prefeito buscava recursos federais para ampliar a rede de drenagem, cujo valor encareceu demasiadamente, devido ao solo rochoso. Salientou também que o prefeito incluiu esta galeria do Aeroporto no PAC "e os serviços estão acontecendo".
Uma concluída
No total, são quatro galerias celulares na cidade. A primeira delas já está concluída. Grande parte dos 1,3 mil metros fica na Rua Geraldino Martins de Barros, antiga Oriental. Foi interligada à galeria do Cristo Redentor (que corta a Popular Velha), bem como a uma antiga existente no centro da cidade, na Rua Tenente Melquíades de Jesus, ao lado da Escola Tenir. Está também interligada à rede de água pluvial da Popular Velha e uma galeria (macrodrenagem) com 960 metros de extensão, que passa atrás do Parque Urbano Zumbi dos Palmares. A conclusão aconteceu no final do ano e a obra é de extrema importância para acabar com a sobrecarga da galeria existente na Rua Antônio João e de outras regiões da cidade, como os bairros Centro América, Maria Leite e Previsul.
Outra obra, ainda em execução, é a da Rua Firmo de Matos, no Bairro Nossa Senhora de Fátima, da Duque de Caxias até a Joaquim Wenceslau de Barros. Será interligada à galeria da Rua Luis Feitosa, atingindo a Alameda Havaí, no centro da cidade, até chegar ao Rio Paraguai. Todas integram o PAC e fazem parte de um pacote de investimentos na cidade de R$ 79,3 milhões, sendo R$ 24,7 milhões oriundos de arrecadação da própria Prefeitura, que incluem também outras obras de infraestrutura, educação, saúde, lazer, social e muitas outras.