A Prefeitura de Corumbá lança em março, o Programa Municipal de Esterilização Cirúrgica de Cães e Gatos que será desenvolvido pela Secretaria de Saúde como forma de evitar aumento descontrolado da população canina e felina, como também prevenir doenças transmitidas pelos animais. O projeto de castração faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelo Poder Executivo e um supermercado da cidade, devido a problemas encontrados em suas instalações, apuradas pelo Ministério Público Federal, com apoio do Ministério Público Estadual, Vigilância Sanitária e Procon.
"O programa foi finalizado agora, em fevereiro, após recebimento dos materiais e equipamentos doados pelo supermercado e entregues à Prefeitura, bem como reformas para adequação da estrutura. As cirurgias serão realizadas por uma equipe especializada do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) já a partir do dia 3 de março, e seguiremos um cronograma previamente estabelecido com o setor", destacou a coordenadora geral de Vigilância em Saúde da Prefeitura, médica veterinária Viviane Ametlla.
O projeto será colocado em prática no dia 3 de março como forma de evitar que machos e fêmeas, ao cruzarem, tenham condições de gerar ninhadas não planejadas ou indesejáveis pelos proprietários;
promover um controle populacional à medida que a quantidade de animais gerados será reduzida e, consequentemente, diminuir a curto e longo prazo o número de animais não domiciliados nas ruas; confeccionar e distribuir material informativo sobre posse responsável de cães e gatos para conscientizar a população, a fim de reduzir o índice de abandono de animais nas ruas; promover, através do controle populacional e da posse responsável, a redução das zoonoses; diminuir os custos da campanha de vacinação anti-rábica, e reduzir os custos relacionados à eutanásia, bem como o número de animais eutanasiados.
Neste primeiro momento, o CCZ vai atender a comunidade residente na região do Loteamento Pantanal. "Inicialmente vamos realizar cirurgias em gatos e gatas, por serem animais mais difíceis de controle em relação às zoonoses, como a raiva, por exemplo", observou Viviane. As castrações serão realizadas às terças e quintas-feiras, com número específico de dois animais por dia, "para podermos dar o atendimento adequado ao animais castrados", reforçou.
A Secretaria de Saúde solicitada àquelas pessoas proprietárias de animais, interessadas em participar do programa, do loteamento Pantanal neste primeiro momento, que entrem em contato com o CCZ durante a semana, em horário comercial, com copias do RG, CPF e comprovante de residência, para preencher ficha e agendar entrevista com a medica veterinária responsável pelas intervenções cirúrgicas, m Stephanie Lins. Na oportunidade, os animais serão examinados e os donos receberão as orientações necessárias sobre o processo.
Viviane Ametlla informou que os "materiais adquiridos pela empresa são de primeira qualidade, incluindo inclusive um equipamento para casos de emergências. Além disso, o projeto foi encaminhado para o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul, onde foi homologado e autorizado", destacou a médica veterinária.
Na justificativa para desenvolvimento do programa, a Secretaria de Saúde lembra que Corumbá, por ser região de fronteira seca com a Bolívia, que não possui nenhum sistema padronizado de combate a zoonoses e seus vetores, é altamente propícia a ocorrência de endemias e, mesmo com baixa incidência de leishmaniose humana, tanto visceral quanto tegumentar, apresenta uma alta prevalência sorológica da leishmaniose canina e inúmeros casos de raiva na Bolívia, que podem causar danos irreversíveis aos animais e pessoas em Corumbá.
Considerou ainda que, em condições normais, uma cadela ou gata possa ter duas ninhadas com uma média de sete filhotes em cada, o aspecto humanitário e a melhoria da saúde pública são justificativas importantes para a adoção de providências objetivando a solução do problema da superpopulação animal.
"Com efeito, na hipótese de uma fêmea viver doze anos, tendo duas gestações por ano, o número de animais gerados ao final poderia ultrapassar o montante de cento e sessenta, de modo que, se for levada em consideração a quantidade de fêmeas domiciliadas ou que vivam nas ruas do Município, teríamos um problema insolúvel", reforça, para lembrar que, na cidade, a população tem por hábito a posse de inúmeros animais em uma mesma residência que, geralmente, são frutos do mau planejamento dos próprios moradores que permitem a saída de seus animais às ruas e, assim, fomentam o número de animais considerados "de rua".
Estudos comprovam que apenas medidas como apreensão de animais soltos nas ruas e alamedas, domiciliados ou não, para posterior eutanásia, são métodos bastante falhos, tendo em vista que, um cão sadio ao entrar em contato com os outros cães recolhidos na viatura de coleta animal – que podem estar doentes – tem chances de se contaminar com diversas patologias e levá-las para casa assim que o proprietário for até o CCZ para recuperá-lo, causando transtornos variados, além da possibilidade de transmissão de zoonoses, como raiva, a leishmaniose e a toxoplasmose, além da proliferação de parasitas como pulgas, carrapatos e sarna, agressões, acidentes de trânsito, poluição por dejetos, poluição sonora e outras perturbações.
No projeto, destaca também que os investimentos em cirurgias de castração se justificam por ser este o método mais efetivo de evitar definitivamente o nascimento de futuros animais de rua. Sendo assim, a esterilização exerce um papel muito importante no controle da população de cães não domiciliados, que não recebem os cuidados adequados e se proliferam com rapidez. Ao mesmo tempo, o município poderá reduzir as despesas operacionais tendo em vista o alto valor anual das eutanásias que varia em torno de R$ 47.501,80, considerando a demanda espontânea e animais entregues diretamente ao canil do CCZ, e, além de dispendioso, o método sozinho é ineficaz.
Além disso, estudos comprovam que a castração é fundamental para o não desenvolvimento dos tumores de mama nas cadelas e, além disso, a fêmea esterilizada cirurgicamente não apresentará ‘cio' e os machos orquiectomizados, ao contrário dos vasectomizados, perderão a libido progressivamente, minimizando a ocorrência de brigas, agravos a seres humanos e disseminação de enfermidades à medida que a possibilidade de formação de grupos de animais também será diminuída. As agressões (mordeduras ou arranhaduras) de cães e gatos geram, além de sanções cíveis, penais e administrativas, implicações que afetam diretamente a saúde pública e aumentam o risco de transmissão de zoonoses.
A Secretaria de Saúde explica que a realização das intervenções cirúrgicas seguirá todo o protocolo de cuidados, tais como a orientação da população sobre a importância da vermifugação do animal de acordo com o peso dias antes do procedimento, a fim de evitar possíveis reações à anestesia em animais parasitados. Quanto à segurança da cirurgia, cabe ressaltar que qualquer intervenção apresenta riscos, porém a utilização de anestesia adequada e a realização correta da técnica cirúrgica dificilmente acarretarão problemas ao animal.