A 16ª edição do Programa Social Povo das Águas, realizada entre os dias 21 e 24 de março na região do Rio Taquari, atendeu quase 200 famílias ribeirinhas com serviços sociais, médicos, odontológicos, educacionais e jurídicos. Coordenada pela Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, a ação beneficiou os moradores das colônias Corixão, Cedro, Cedrinho, São Domingos e do Bracinho, localizadas na parte leste do Pantanal corumbaense.
Praticamente todos os ribeirinhos dessa região sobrevivem de pequenas lavouras, complementada pela criação de alguns animais. A pesca, em menor escala, é outra fonte de renda dessa parcela da população. "No início do ano percorremos todos os sítios e portos cadastrados pela Prefeitura. Além de levantar quem realmente habita na localidade, o trabalho serviu para aprofundar o perfil social dessas famílias", explicou agente da Defesa Civil Josiney Severino dos Santos.
"Aqui a pesca é mais utilizada para subsistência, diferente de outras regiões do Pantanal. A maior parte dos beneficiados nem vive perto do rio, mas em pequenos sítios encravados no meio da vegetação fechada", complementou Josiney. É o caso de Sebastião Dias de Arruda, de 67 anos. Há mais de 30 anos vivendo no sítio Juquititiba, ele já ficou 11 anos sem vir para Corumbá. "Hoje só vou para a cidade quando tenho que renovar a senha do banco", contou o aposentado.
Para chegar até o Porto Figueira, onde a equipe da Prefeitura concentrou os trabalhos, ele precisou andar cerca de três horas com o cavalo "Nego Bom Não se Mistura". "Isso não é nada para quem já está acostumado. Se eu fosse pegar um barco para Corumbá precisaria de mais um dia inteiro de viagem". No Figueira, Sebastião passou pelo médico, dentista, ganhou lona, mosquiteiro e uma cesta básica, materiais que vão ajudar a vencer a estiagem atípica deste início ano.
Também aposentado, Felício Vieira de Arruda, 72 anos, foi outro que superou a distância para receber a assistência da Prefeitura. "Foram quase duas horas em cima do cavalo", afirmou o sitiante, que há 12 anos mora no sítio Plantel Bonito, na colônia Cedrinho. "Antes eu morava no Corixão. Mas encheu muito lá e tivemos que nos mudar", relembrou. Com todos os produtos que ganhou em cima do cavalo, ele partiu satisfeito de volta para casa onde vive com a mulher e dois filhos.
"Consegui até conversar com a doutora para ver a situação da nossa terra. Foi muito bom", comemorou o pantaneiro. A doutora a quem ele se referiu é a defensora pública Lídia Helena da Silva. Esta foi a primeira vez que a Defensoria integrou o Programa Social. "Esta primeira ação serviu para que pudéssemos fazer um levantamento da demanda dessa população", detalhou Lídia, que foi auxiliada pela advogada Ana Paula Moratelli Radünz.
A próxima edição do Povo das Águas deve acontecer em abril, quando serão atendidos os moradores da parte alta do Pantanal, desde o Paraguai Mirim até o São Lourenço, já na divisa com o Mato Grosso. Servidores das secretarias de Saúde, Educação, Assistência e Cidadania, Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário também fazem parte da ação social, implementada em 2010 pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT).