O Arraial do Banho de São João em Corumbá se define como a mistura de muita devoção, fé e crendice popular, trindade que alimenta há mais de 100 anos a tradição de banhar a imagem do santo nas águas do Rio Paraguai, no Porto Geral. Os elementos ligados à religiosidade e sabedoria do povo (que habitualmente é chamada de folclore) norteiam todo o ritual dos festeiros, desde a preparação do andor sagrado ao banho no rio.
A festa começa nas casas das famílias festeiras, uma tradição, onde se misturam cânticos religiosos, orações, histórias de fé em milagres operados pelo santo que, segundo a Bíblia, batizou Jesus Cristo no Rio Jordão, e “ingredientes” da cultura popular como fogueira, içamento do mastro, dança de quadrilhas juninas e fogos de artifício. Graças alcançadas – que aí simbolizam devoção e fé – são os motivos para dedicar festas a São João Batista ao longo de uma vida inteira.
Todas as celebrações incorporam figuras da crendice popular trazendo fogos de artifício que, pela tradição, têm no barulho o poder de espantar maus espíritos e acordar São João para a festa. O levantamento do mastro simboliza o desejo de fertilidade da terra, de boa colheita. O próprio Banho do Santo é carregado de simbolismo e lembra o batismo de Cristo.
No momento em que a imagem é banhada, a água do rio passa a ter poderes curativos e, por essa razão, os participantes molham os pés, o rosto e outras partes do corpo. Os fiéis e devotos, já carregando o andor, dão três voltas em torno da fogueira e do mastro erguido na frente da casa e seguem para o Porto Geral.
Neste ano, mais de 100 famílias (e entidades) corumbaenses estão com suas festas programadas para iniciar nas primeiras horas da noite de sábado. São tradições mantidas há mais de um século pelos antepassados e que se renova anualmente, com muito mais força e fé em São João Batista.