Os acontecimentos da última quinta-feira (31) foram questionados pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) que achou estranho o fato de, no processo, constar um diálogo entre duas pessoas, por telefone, o que “teoricamente poderia sugerir que estava havendo uma manipulação, uma participação de propina e não foi determinada a prisão dessas pessoas?”, ao passo que, em outras situações, como da funcionária Camila Campos Carvalho Faro, teve prisão temporária decretada e foi solta à noite.
A afirmação foi feita em virtude do assunto em questão ser o Hospital de Corumbá. Para o chefe do executivo corumbaense, a imprensão que se tem é que para o “Ministério Público Federal e Estadual é que o município é nocivo em algumas ações. Que o município esta participando de algumas ações para prejudicar a população. É essa conotação que eu tenho, que nossa equipe esta tendo”, afirmou.
O prefeito chegou mesmo a colocar em cheque a continuidade da Prefeitura Municipal à frente da direção administrativa do hospital. “Eu estou pensando seriamente, em virtude de tudo isso que está acontecendo, em devolver a administração do hospital a Sociedade Beneficente Corumbaense”, revelou.
Segundo ele, a renovação da intervenção ocorreu “porque vários segmentos encaminharam ao município, entendendo que ali houve uma melhoria, ainda que muito dessas benfeitorias, benefícios, não são amplamente demonstrados, mas eles pediram isso”, comentou.
Disse estar sentindo que as autoridades estão enxergando ao contrário. “Nos parece, ou querem fazer parecer, que a administração do hospital feita pela prefeitura está sendo nociva ao hospital. Se é dessa forma, estou pedindo a analise da minha Procuradoria (Procuradoria Geral do Município) para que possamos deixar a intervenção do hospital e devolver à Sociedade Beneficente, para que ela toque como vinha sendo tocado”, reforçou.
Ruiter indagou o fato de antes da Junta Administrativa assumir o Hospital, por meio de uma ação encabeçada pelo próprio Ministério Público Estadual, que estabeleceu uma parceria entre as Prefeituras de Corumbá e Ladário, e o Governo do Estado, não houve nenhuma ação para se apurar irregularidades.
“Quando a Prefeitura assumiu o Hospital, havia cerca de R$ 16 milhões de passivos descobertos. Não se tinha documento nenhum do hospital. Nem por isso teve sequer uma ação para investigação ou contra qualquer um responsável pelo Hospital de Corumbá. Isso nos leva a crer que há uma ação distorcida dos fatos. Porque alguém que entrega uma instituição com R$ 16 milhões em dívida não é penalizado e a Prefeitura que ali está é tratada dessa forma”.
O prefeito lembrou que até hoje, a Junta Administrativa não conseguiu ter acesso a documentos do hospital quando era administrado pela Sociedade Beneficente. “Isso foi colocado para todo mundo e foi remetido às autoridades de direito. Mesmo assim não foi determinada nenhuma busca de quem era responsável na época. Cadê os documentos? Como vamos levantar informações técnicas se não há documentos”, indagou.
“Previsão”
Um outro assunto comentado pelo prefeito foi o fato de que, antes dos acontecimentos da última quinta-feira, o assunto já tinha sido “previsto”, inclusive por pessoas ligadas à oposição. “Esta situação política também foi repassada a alguns de nossos companheiros, colaboradores e pessoas que transitam pela nossa cidade. Muito comentário, muita informação de que algo aconteceria na Prefeitura o que, coincidentemente, aconteceu. Não quero crer que as autoridades federais envolvidas no assunto estejam coniventes com essa situação. Mas que houve essa coincidência, de fala, de comportamento, isso realmente foi colocado”, lamentou.
Nomeação
Sobre nomeações de pessoas para substituir servidores obrigados a se afastar dos cargos que ocupavam, por determinação judicial, Ruiter foi enfático afirmando que isto será cumprido. Lembrou que a servidora Camilha que teve sua prisão relaxada, deve retonar ao cargo. “Não tem nada que a impeça de trabalhar”, disse, para lembrar que outros estão buscando seus direitos e podem ser liberadas. Disse que irá cumprir o que foi determinado e que algumas das pessoas afastadas, que ocupam posições chaves da administração, terão que ser substituídas “para que a gente não tenha prejuízo na continuidade dos serviços oferecidos”.
Cláudia Leite
Sobre o show de Cláudia Leite, não concordou com a notícia de superfaturamento. “Custou R$ 330 mil. Existem no processo, comprovantes de duas notas fiscais com shows dela a R$ 430 mil e outra de R$ 900 mil. São as duas notas que estão no processo encaminhado à Procuradoria Geral do Município, que motivaram a dispensa de licitação e a contração da Cláudia Leite. É difícil falar de valor em relação a artistas. Quanto vale um show da Cláudia Leite, do Roberto Carlos, da Ivete Sangalo? É difícil se colocar preço. Falar em superfaturamento em relação a artistas é muito complicado”, disse.
Lembrou que a proposta foi fazer uma carnaval qualificado, uma festa que resulta em recursos e rendas para Corumbá, como também aproveitar o show e fazer uma ação social, com parte da renda destinada a uma ação social, “definimos que seria a reforma de uma enfermaria do Hospital de Corumbá”.
“Me parece que existe um questionamento de que como o show foi feito com dinheiro, não deveria ter ingresso pago, não deveríamos cobrar ingresso. Evidente que foi cobrado”, destacou, lembrando que com recursos arrecadados do show, parte foi utilizado na estrutura do carnaval e outra parte está depositado para ser aplicado no Hospital.
“O que a gente queria era dividir, socializar esse momento, ou seja, fazer uma festa e realizar uma ação social. Hoje temos R$ 70 mil depositados na conta da Fundação de Cultura e Turismo, separados para repasse ao Hospital, para reformarmos uma enfermaria da forma que a direção escolher”, explicou.