Quando a águia da Unidos da Vila Mamona levantar vôo na avenida General Rondon simbolizando o início de mais uma jornada estará anunciando também a decolagem de Sandro Asseff rumo a novos horizontes. O professor de história faz sua avant première como carnavalesco e, de cara, fazendo aquilo o que mais sabe: contar história.
Este ano a agremiação pretende abrir um imenso túnel do tempo na passarela do samba e convidar todos a uma viagem ao passado da Cidade Branca, desde os primórdios, antes mesmo da fundação da Vila de Nossa Senhora de Conceição de Albuquerque (atual Corumbá). Da era geológica, da corumbella werneri e estromatólitos, do surgimento de vida na região aos primeiros nativos, conquistadores espanhóis e portugueses até o desenvolvimento da região. Tudo será retratado ao cabo das 12 alas e alegorias que a escola promete levar à avenida do samba.
O samba-enredo “Nas asas da águia, viajando sobre Corumbá: Orgulho de ser pantaneiro” mistura história e as tradições do São João, do Carnaval, da Festa do Divino, além de duas oportunas homenagens. Por meio de uma ala inteira de bois Tucura, a escola rememorará a professora Heloísa Urt (Helô), que defendia o animal como o boi nativo do Pantanal. A outra homenagem será para a dona Gregória Espíndola, mãe do atual presidente da Vila Mamona, o sêo Nenê. “Quero fazer um desfile digno, com luxo, brilho e muita alegria, mas sem deixar o lado técnico de lado”, resume. Ele se inspira no falecido carnavalesco Getúlio para imprimir na avenida um estilo “mais romântico que moderno”, com um “ar nostálgico”.
Segredos
A Vila Mamona também esconde vários segredos no “ninho da águia”, segredos que só serão revelados na avenida. Um deles é a comissão de frente. “A águia vai pedir autorização aos guardiões do túnel do tempo para voar sobre a história de Corumbá. Até aí, tudo bem. A questão é que essa águia será um pouco diferente, muita gente vai se chocar com ela”, adverte.
A roupa da rainha de bateria, a Chaveirinho, passista do programa da Regina Casé, também guarda surpresas e promete chocar muita gente, diz Asseff. “Será um escândalo! A roupa foi confeccionada em um ateliê no Rio de Janeiro e teve um patrocinador exclusivo”.
Na condução do samba-enredo, a voz potente e afinada de Pingo Sargento será acompanhada pela bateria de 130 ritmistas do mestre Xixo, considerado um dos melhores do ofício na cidade. O casal de mestre-sala e porta-bandeira não promete deixar por menos: conduzindo o estandarte da escola, Maria Helena e Chiquinho. Vindos especialmente da Imperatriz Leopoldinense para o desfile de Corumbá, o casal é um dos que mais conquistaram o estandarte de ouro no tradicional carnaval do Rio de Janeiro.