A informação tem o poder de mudar vidas, principalmente quando ela se depara com outra importante virtude: a habilidade de ouvir. Foi assim com o jovem casal corumbaense Jeane Modesto dos Santos e Carmelo Valdívia. Trabalhando na informalidade, ela como moto-taxista, ele vivendo de bicos em uma serralheria improvisada no quintal de casa, no bairro Centro América, ambos lutaram durante anos por um futuro melhor para a família.
No último sábado, 18, no entanto, o casal passeava pela Praça do Sesi, onde acontecia o Ação Global, evento promovido pelo Sesi em parceria com a TV Morena, quando avistou um espaço montado pela Secretaria de Indústria e Comércio da prefeitura de Corumbá para atender os micro e pequenos empresários. “Foi ali que a mudança começou. A gente sempre pensou em abrir uma empresa de usinagem, serralheria e solda, mas havia o medo dos impostos, da mordida do Leão (Imposto de Renda), de necessidade de muito capital inicial, essas coisas”, explicou Jeane.
O medo se converteu em esperança assim que o casal foi atendido na Praça do Sesi por um agente de desenvolvimento local em um projeto da administração municipal chamado “Negócio Legal”, que também funciona diariamente na sede da Secretaria de Indústria e Comércio, na rua 15 de Novembro, 659, das 7h30 às 17h30.
Esse agente explicou à Jeane e Carmelo que tornar-se um Microempreendedor Individual (MEI) era a melhor alternativa para eles. Assim, além de saírem da informalidade e regularizarem a situação da empresa, teriam acesso a uma série de benefícios como aposentadoria, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), auxílio-doença e auxílio maternidade. Tudo isso por no máximo R$ 39,90 ao mês e nada mais. “Hoje em dia, com esse dinheiro mal dá pra ‘fazer feira’, é muito pouco! E nos dá direito a tantos benefícios! Realmente, a informação é a melhor amiga do empreendedor”, comemorou Jeane, que agora faz questão de explicar a parentes e amigos empreendedores as vantagens de ser um MEI.
Carmelo é especialista na fabricação, solda e reparo de portões, grades, lixeiras de rua e outros objetos de ferro em geral e, por não dispor de um torno mecânico próprio, invariavelmente recorria à terceirização da usinagem de peças, o que reduzia muito sua margem de lucro. “Um torno custa em torno de R$ 14 mil, um valor impossível para mim. Agora, tendo acesso à linha de crédito no banco, esse sonho vai se tornar realidade”, disse Carmelo, citando mais um benefício de um microempreendedor ao se tornar um MEI. “O torno vai ampliar em 200% nossa produtividade, sem falar da margem de lucro”, acrescentou ele, que também poderá participar de licitações e fornecer ao setor público.
A esposa dele, Jeane, lembra que ainda existem muitos mitos sobre o micro-empreendedorismo no Brasil, alimentados por inverdades que circulam à partir da falta de informação sobre o assunto. “A gente pensava, por exemplo, que com nome no Serasa ou no SPC não poderíamos abrir a empresa. Mas a única exigência é não ter pendências com a Receita Federal”, disse.
Como MEI, dentro de apenas três meses a empresa de Jeane e Carmelo poderão ter acesso a um micro-crédito inicial de até R$ 8 mil. Pagando todas as parcelas corretamente, terão acesso a um crédito maior no banco, de R$ 15 mil.
E não para por aí: a nova micro-empresa de Jeane e Carmelo também terá acesso a cursos de capacitação do Negócio Legal, com cursos e palestras gratuitas sobre linhas de crédito, micro-crédito produtivo, contabilidade, obtenção e renovação de alvarás, emissão e antecipação de boletos e cartões corporativos, segurança do trabalho, marketing, vendas e qualidade no atendimento. Os cursos são ministrados por profissionais do mercado e de instituições como Sebrae, Caixa Econômica Federal, Sicred e da própria Secretaria de Indústria e Comércio.
“Vamos buscar essas capacitações, com certeza. No próximo módulo estaremos lá! Com o nascimento da nossa empresa a sensação é a de que a gente teve um filho, agora é só cuidar e vê-la crescer”, compara Jeane.
Carmelo lembra de um episódio ocorrido no dia em que pediu as contas e saiu da última empresa onde trabalhou. “Me disseram que eu não precisava devolver a camiseta da empresa, mas que eu não a vestisse quando eu estivesse trabalhando por conta própria. Agora eu terei a camiseta da minha própria empresa”, comemorou.