O nome do espetáculo teatral é Mario Quintana – O Poeta das Coisas Simples, mas poderia muito bem ser “Aforismos e reminiscências de um poeta insatisfeito”, “Eles passarão, eu passarinho”, “A vida e a obra de Mário Quintana”. Na verdade, tanto faz, oras bolas! O poeta gaúcho não tinha tempo para questões estapafúrdias! Para ele, a vida é breve e o amor mais breve ainda. E idade, só há duas: ou se está vivo ou morto.
Quintana tinha uma visão simples da poesia. E poética da simplicidade. Na verdade, ele era simples e prático até para comer: “Pega uma quentinha de arroz, uma lata de sardinha, misture dentro e manda ver”. Solitário (não se casou nem teve filhos), viveu grande parte da vida em hotéis. Mas também não parecia se preocupar com isso: “Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas“.
O espetáculo premiado, que percorre o País desde 2009, finalmente chegou em Corumbá e estreou nesta sexta-feira, 24, no anfiteatro Salomão Baruki, na UFMS. O corumbaense terá a última oportunidade de prestigiá-lo por aqui neste sábado, 25, às 20 horas, bastando para isso levar 1 quilo de alimento não perecível, que será doado a entidades filantrópicas. Não precisa ser sardinha, mas pode muito bem ser arroz.
Na primeira noite da peça teatral, a plateia alternou momentos de atenção silente e de boas gargalhadas com as ‘tiradas’ ácidas e bem-humoradas de Mário Quintana, típicas de alguém que execrava a “chatice e languidão”. Ao som do acordeão, tão gaúcho quanto o poeta, e nas performances poéticas teatrais de Sergio Miguel Braga, Selma Lopes, Vivian Duarte, Grasi Müller e Isis Koschdosk (adaptação de Rubens Lima Júnior), Quintana ganha vida. Vida que se confunde com sua obra: “Minha vida está nos meus poemas. E meus poemas são eu mesmo”.
Tão irresistíveis quanto seus poemas são suas historinhas, como a do peixinho que morreu afogado e a do carro que todos pensavam ser um bicho e que deu cria aqui pelas bandas de Corumbá. Tudo bem, estão mais pra causos do que pra histórias, mas quem se importa? A gente sabe que “não é verdade, mas pode espalhar”!
O espetáculo tem a produção local da Melo Produções e de Dilson de Souza e apoio da Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da Fundação de Cultura de Corumbá.