Com quadro grave, criança enfrenta 4h de voadeira para chegar a hospital

No último dia 29 de julho, os ribeirinhos da região do Taquari já iniciavam os preparativos para a festa de São Pedro, padroeiro dos pescadores, quando os médicos do Programa Social Povo das Águas atenderam Maria Auxiliadora de Moraes, de 25 anos. A moradora da região do Limãozinho, e quatro dos seus cinco filhos estavam bem, exceto Ana Lúcia, de apenas três anos de idade.

“Ela estava mal fazia quatro dias. Estava reclamando de muita dor na barriga”, contou a mãe. Depois de examinada e medicada, a equipe médica decidiu pela remoção imediata da criança para a cidade. Acompanhada da enfermeira Elisangela Bonifácio e da vacinadora Luciana Ambrósio, Maria Auxiliadora e a pequena Aninha iniciaram a viagem de voadeira do Porto Sagrado por volta das 14 horas.

A chegada, no Porto Geral de Corumbá, ocorreu por volta das 19 horas. Uma ambulância do Samu já aguardava a paciente, que foi diretamente levada para a Santa Casa. “Pegamos chuva quase o trecho todo”, contou a mãe, que continua com a filha no setor de Pediatria do hospital. Segundo os médicos, a paciente apresenta um quadro de insuficiência renal e hipertensão.

“Se não fosse o Povo das Águas, a gente teria que pagar um barco para trazer ela pra cidade”, explicou Auxiliadora. A viagem nas embarcações de passageiros, conhecidos na região como puqui-puqui, pode durar até 12 horas e a passagem não sai por menos de R$ 50 por pessoa. O marido dela, Florizio Ramos, é lavrador e dificilmente conseguiria juntar o dinheiro necessário para o deslocamento.

“Graças e Deus, ela já está bem melhor. Parou de reclamar das dores e desinchou bastante. Mas o médico pediu para fazer mais alguns exames antes de dar alta”, continuou a ribeirinha. Todos os filhos dela nasceram no sítio onde moram atualmente, no meio do Pantanal corumbaense. “Os cinco nasceram em casa. Tive sozinha, com a ajuda de uma vizinha, Rosangela, que hoje é até minha comadre”.

Nesta quinta-feira (04), Maria Auxiliadora deve deixar o hospital por algumas horas para poder, finalmente, providenciar o registro de nascimento de Ana Lúcia. “Depois só vai faltar o documento do mais velho (Neumar, de seis anos) e da caçula (Andrea Rosa, de um aninho)”, finalizou a pantaneira. Apesar da falta de documentação, todas as crianças estão com todas as vacinas em dia, graças ao Programa Social Povo das Águas, desenvolvido pela Prefeitura de Corumbá junto às comunidades ribeirinhas do Pantanal.

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