Com quase 50 anos de pesca, Juscelino da Silva de Oliveira só agora teve a oportunidade de conhecer as principais técnicas e o potencial da criação de peixes em cativeiro. Morador do Porto da Manga, ele e outras 14 pessoas participaram do curso promovido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania, e o Sindicato Rural de Corumbá. Durante três dias, os alunos aprenderam sobre a piscicultura, uma boa alternativa de renda para a comunidade cuja subsistência gira em torno do turismo pesqueiro.
“Foi a primeira vez que tive a chance de aprender sobre isso. Para mim foi muito bom”, resumiu Juscelino, chefe de uma família que tem mais oito pessoas: a esposa, a mãe, quatro filhos e dois netos dele. Residente há mais de 30 anos na mesma região, Maria Ferreira de Oliveira Xavier também não deixou oportunidade passar em vão. “É um conhecimento a mais pra gente. Quem sabe um dia um a gente não consegue fazer um tanque aqui, que atenda toda a comunidade”, comentou a ribeirinha.
Aos 55 anos de idade, Martina Soares nunca viveu em outro lugar. Radicada na Manga, de onde disse que não sai “nem na marra”, ela também sonha com dias melhores para os pescadores profissionais dali. “Esse negócio de tanque parece uma boa. Peço a Deus que nos ajude e nos dê força para, um dia, termos uma chance dessa aqui”. Haroldo, filho da Dona Martina, também nasceu e cresceu na beira do rio Paraguai, o principal rio da bacia pantaneira, e conhece bem a dificuldade de quem sobrevive da pesca.
“Agora que o peixe começou a aparecer de novo. Primeiro teve a decoada, que durou mais de três meses, e depois o frio. Daqui pra frente a quantidade de turistas deve aumentar por aqui”, explicou. Haroldo trabalha em uma das pousadas instaladas no Porto da Manga e também viu na piscicultura uma boa oportunidade de renda. “Potencial aqui tem. Conhecimento o professor ofereceu pra gente. Teríamos só que correr atrás da estrutura”, observou.
O curso foi ministrado pelo Senar/MS. “Foram três dias de atividades, com carga horária total de 24 horas/aula, aonde vimos todas as etapas da piscicultura, da implantação ao manejo dos tanques, tratamento da água e a escolha dos alevinos”, detalhou o instrutor Alírio Francisco da Costa Neto. Segundo ele, grande parte dos peixes comercializados no Estado é oriunda da agricultura familiar.
Esse foi o terceiro curso realizado pela Senar, Prefeitura e Sindicato Rural na região da Manga só em 2013. “Nosso objetivo não se limita a trazer para essas regiões distantes somente os serviços sociais disponíveis na cidade, mas também oferecer outras ferramentas que possam fazer a comunidade se desenvolver cada vez mais, inclusive economicamente”, afirmou gestora do Cras Itinerante, Lilia Maria Gouveia Bezerra. “Por isso a parceria do Sindicato Rural e do Senar são muito importantes”, finalizou.
A capacitação sobre piscicultura começou na terça-feira, dia 27, e terminou na quinta-feira. Todos os que completaram o curso – a maioria mulheres – receberam certificados do Senar/MS, além de cartilhas e outros materiais de apoio teórico para a atividade.