Prefeitura fortalece canal de diálogo com a comunidade do Aeroporto

O Aeroporto é um bairro estratégico e desafiador. Com 5,5 mil habitantes e 1272 domicílios, a região tipicamente residencial é a última antes da fronteira com a Bolívia e, ao mesmo tempo, o mais próxima do centro de Corumbá. Por sua posição estratégica, o anel viário passa por dentro do bairro, que abriga algumas transportadoras e é rota logística de caminhões que partem de centenas de localidades do País, sobretudo do Porto de Santos, rumo à Bolívia e Chile na Rota Bioceânica.

 

Esses e outros desafios foram discutidos na quinta edição do programa “Olhar de Perto”, ocorrido no Centro de Educação Infantil Serv-Carmo, na noite desta quarta-feira, 15. Na ocasião, os secretários de Infraestrutura, Habitação e Serviços Públicos, Luiz Mário Ramão, e de Saúde, Dinaci Ranzi, conversaram de forma franca e direta com os moradores do bairro. E, principalmente, ouviram as queixas, críticas e sugestões para a melhoria dos serviços públicos e desenvolvimento da região.

 

Saúde

 

A secretária Dinaci Ranzi ouviu muitas críticas, mas lembrou que quando assumiu a pasta não havia sequer um médico para atender a demanda de atenção básica na João de Brito, unidade de saúde que serve a região. A unidade conta com 3 mil usuários cadastrados, num total de mais de 250 famílias. “Ainda no primeiro semestre, conseguimos colocar um médico, um dentista e uma equipe multiprofissional na unidade no modelo Estratégia Saúde da Família (ESF)”, explicou a secretária, que admite que tal estrutura ainda não é suficiente para atender o Aeroporto.

 

Por esses e outros motivos, disse a secretária, Corumbá levou tão a sério o programa federal Mais Médicos a ponto de ser um dos cinco municípios do Estado a aderir ao programa federal, o que garantirá um reforço no atendimento à atenção básica nas regiões de maior demanda e carência.

 

Também será construída, no primeiro semestre de 2014, uma nova unidade de saúde para o bairro Aeroporto. O projeto já foi aprovado pelo Ministério da Saúde e aguarda agora, da parte do Corpo de Bombeiros, a aprovação do Projeto de Prevenção contra Incêndio e Pânico.

 

Mas, enquanto a nova unidade e os novos médicos não chegam, a prefeitura de Corumbá tratou de arranjar uma solução provisória, o que irá desafogar em parte as demais unidades de saúde e o Pronto Socorro da cidade. “O prefeito Paulo Duarte nos autorizou a realizar mutirões de saúde no CEI Serv-Carmo, em fins de semana, com atendimento de médicos, dentistas e enfermeiros àquelas famílias que hoje não se encontram cobertas pela ESF”, informou.

 

A secretário lembrou também que na próxima sexta-feira, 16, serão convocados os 200 profissionais, entre enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais, que passaram no concurso municipal. Eles devem, agora, apresentar os documentos e realizar exames para serem incorporados à rede municipal de saúde ainda em setembro.  

 

Outra reclamação comum no Olhar de Perto do Aeroporto foi a falta de medicamentos na rede de distribuição. Recentemente, uma série de problemas burocráticos envolvendo a transição administrativa, culminou com a falta de medicamentos na rede de saúde. Dinaci afirmou que o problema já foi resolvido e hoje já estão disponíveis 85% da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME).

 

Os medicamentos que, por problemas logísticos, ainda não chegaram ao almoxarifado da prefeitura, principalmente de hipertensão e diabetes, podem ser obtidos de forma gratuita, mediante receituário médico, nas drogarias particulares conveniadas ao Ministério da Saúde.  “Esse problema no abastecimento de remédios não voltará a ocorrer nessa gestão, isso é um compromisso meu e do prefeito Paulo Duarte. E inúmeras medidas foram tomadas para isso e vocês podem nos cobrar”, completou.

 

Falhas pessoais no atendimento de alguns profissionais da rede municipal também foram destacadas por alguns moradores presentes no Serv-Carmo. Sobre isso, a secretária Dinaci Ranzi lembrou que já foram feitos alguns remanejamentos, que a administração trabalha com cursos de capacitação no sentido de qualificar o atendimento e que há uma ouvidoria do SUS na prefeitura que atende pelos números 3234-3517, 3234-3499 e 0800-647-2255. “Contamos com a participação de todos vocês, pois essa ainda é a melhor maneira de resolvermos problemas pontuais e até, se for o caso, abrir processos administrativos contra os maus profissionais”, acrescentou.

 

Infraestrutura e Habitação

 

Monte Castelo, Goiás, Gonçalves Dias, Tiradentes, Joaquim Venceslau: são várias as ruas do Aeroporto que se encontram carentes ou de pavimentação ou de iluminação e, em alguns casos, de ambas. Com uma adutora da Sanesul estourada, a situação entre a ruas Goiás e Campo Grande é ainda pior. Lá os moradores padecem com o forte odor dos detritos que, com o vento forte, é exalado em toda sua extensão. Há também entulho no final da rua Goiás, próximo ao trilho, de responsabilidade das pessoas que geram esse material, mas que afetam toda a comunidade.

 

Ciente de tudo isso e à par dos problemas locais, o secretário da Seinfra, Luiz Mario Ramão, ao lado de sua equipe de gestores, ouviu e dialogou atentamente com os moradores.

 

Ele destacou que a administração trabalha para em breve implantar no município, de forma inédita, uma carta de drenagem, que auxiliará o trabalho do manejo das águas pluviais urbanas, bem como toda a prestação de serviços públicos de saneamento básico. Há, também, obras previstas de drenagem e pavimentação em algumas ruas, como a Monte Castelo.

 

Sobre a alta densidade de caminhões com destino à Bolívia que assolam não só o Aeroporto, mas também o Jardim dos Estados e o Popular Nova, o secretário lembrou que a prefeitura trabalha, em parceria com o Governo do Estado, para a construção de um novo anel viário, que tiraria o fluxo desses veículos de grande porte desses bairros.

 

Os moradores do Aeroporto também pedem a construção de uma praça de lazer e esportes. O secretário informou que ele e sua equipe tem algumas áreas da região em vista, mas o trabalho está sendo dificultado pela especulação imobiliária de alguns proprietários de terrenos. “Estamos resolvendo esse problema, mas precisamos do apoio, da compreensão e da participação da comunidade nesta que é uma reivindicação antiga, mas que só agora está sendo trabalhada efetivamente”, disse.

 

Outro problema sério do Aeroporto é a ocupação irregular de áreas públicas e particulares no conjunto habitacional Tiradentes, entre as ruas Amazonas e Goiás, onde há hoje cerca de 100 casas e 500 moradores.

 

O secretário informou que, por meio de Decreto assinado pelo prefeito, a Seinfra estabeleceu um grupo de trabalho que, nos próximos dois meses, fará uma vistoria e recadastramento nos programas habitacionais Minha Casa Minha Vida, PAC Casa Nova I e Pró-Moradia I do Município. A ideia é não só verificar se o titular contemplado pelos programas habitacionais de fato mora no local e qual fim deu à residência, mas discutir e organizar o planejamento e o cadastro habitacional de Corumbá com representantes da Superintendência de Habitação e Projetos Sociais; Fundação Instituto de Desenvolvimento Urbano e do Patrimônio Histórico. e da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania.

 

Resultado positivo

 

Uma das principais lideranças do Aeroporto, Clemilson Medina, qualificou a reunião com os secretários e a equipe de gestores da administração como positiva. “Percebemos que a prefeitura quer nos ouvir. Temos muitos problemas, mas nos sentimos assistidos e amparados em nossas necessidades e angústias e isso é muito importante”, destacou.

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