Corumbá realizou a sua primeira ação após implantação do Plano de Contenção de Animais Silvestres e salvou um macho de onça-pintada que demonstrava estar ferido às margens do rio Paraguai, na região do Passo do Lontra, distante mais de 100 quilômetros da área urbana de Corumbá. O resgate aconteceu na tarde desta segunda-feira, 07 de outubro, e foi um desafio para a equipe formada pela veterinária do Centro de Controle de Zoonoses, Walkíria Arruda da Silva; pelo major Pádua e sargento Andrade, ambos da Polícia Militar Ambiental; e pelo soldado Duran, do Corpo de Bombeiros.
O proprietário de uma pousada na região comunicou a presença da onça à Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, relatando que o animal não conseguia subir o barranco e atraia muitos curiosos e turistas, o que aumentava a taxa de stress do felino. A partir do comunicado, os profissionais foram acionados e se deslocaram para a região no início da tarde.
Após diagnosticar que o animal estava sem mobilidade nas patas traseiras e encontrava-se enroscado entre galhos de árvores nas margens do rio, a estratégia de resgate teve que ser bastante avaliada, pois nas condições que a onça encontrava-se, sedá-la não seria a melhor opção.
“Se a gente a sedasse direto, ela afundaria, então tivemos que laçá-la para firmar o corpo, além de dar uma atenção especial à cabeça que não podia também cair dentro da água”, explicou a veterinária Walkíria Arruda da Silva ao citar a colaboração de piloteiros da região que, após concluída a sedação, ajudaram a tirar da água o animal que pesava cerca de 100 quilos e aparentava possuir idade por volta de 5 a 6 anos.
Mesmo com todo aparato movimentado, a veterinária considerou a ação bastante positiva, pois o felino foi capturado sem maiores transtornos. Entre a chegada da equipe e a retirada da onça da galhada às margens do rio, foram consumidas pouco mais de duas horas de trabalho.
“Só um exame vai poder dizer com precisão o que causou a incapacidade da movimentação das patas traseiras do bicho. Numa breve avaliação, percebemos que ela não tinha sinais de tiro, o que nos leva a crer que isso pode ser reflexo de uma briga com outro animal ou de um grande impacto como uma queda ou mesmo choque com alguma embarcação, também pode ser alguma doença”, explicou a veterinária que acompanhou todo o deslocamento do felino até o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) em Campo Grande.
Durante a viagem, a onça precisou ser novamente sedada já na altura da cidade de Aquidauana, conforme comentou Walkíria. O transporte foi feito dentro de uma grande gaiola acoplada na caçamba da caminhonete da 2ª Companhia da Polícia Militar Ambiental de Corumbá.
“Assim como para os seres humanos, cada minuto é precioso para a manutenção da vida do animal por isso, logo após a captura, a gente já seguiu em direção ao CRAS. Antes, a gente tinha que esperar chegar pessoas de fora, especialistas para fazer a captura, complicando ainda mais o quadro do animal”, comentou a veterinária.
Importante ferramenta
O saldo da operação de resgate promovida com apoio do Plano de Contenção de Animais Silvestres também foi visto como positivo pela diretora-presidente da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Luciene Deová.
“Ficamos bastante satisfeitos com essa que foi a primeira ação do plano, pois provou que a união de esforços de diversas organizações surte um grande efeito. Hoje, o município conta com essa estrutura que vem auxiliar o que era uma grande necessidade local”, comentou.
Em setembro, a Prefeitura Municipal, por meio da Fundação de Meio Ambiente, em parceria com o Ministério Público Estadual e a Embrapa, promoveram o curso para captura de animais silvestres na área urbana. Trinta e cinco agentes que participaram do curso, receberam orientações teóricas e práticas sobre o tema e até mesmo como afastar essas espécies da região. Os agentes participaram de uma aula prática e simularam tiros com contenção química, técnica usada no resgate da onça nesta segunda-feira.
Na oportunidade, foi elaborado o Plano de Contenção com medidas estabelecendo ações de captura, resgate e soltura do animal de forma adequada, além de primeiros socorros, análise da área destinada à soltura destes animais e consciência ambiental para a preservação das espécies.