Os certificados da capacitação “Educação Não Sexista”, ação que integrou a programação da campanha internacional “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” iniciada em Corumbá no último dia 21, foram entregues na tarde desta terça-feira, 26 de novembro.
A capacitação foi ministrada, durante dois dias, pela especialista em gênero Maria Rosana Pinto Gama, consultora do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Para quem participou da atividade como a professora Islane Morrone Quintero, da escola municipal Luiz Feitosa Rodrigues, o sexismo está tão enraizado em nossa cultura que, às vezes, passa despercebido.
“Ainda produzimos uma educação sexista, por exemplo, quando separamos os estudantes em fila de meninos e fila de meninas; admitimos que o aluno seja agressivo porque é homem e isso vai reforçando o papel que eles tem dentro da sociedade”, disse ao analisar atitudes que foram debatidas durante a capacitação.
Como atividade de conclusão, os professores realizaram atividades com seus alunos sobre o tema, gerando reflexão. A professora fez moldes em cartolina a partir dos traços dos corpos de um aluno e de uma aluna e pediu para os demais estudantes apontassem qual era feito a partir da garota e qual do garoto. A turma da 2ª série do Ensino Fundamental não soube apontar com precisão e, a partir daí, a professora propôs que eles fossem inserindo elementos (comprimento do cabelo, cor de roupa, etc) que identificassem os gêneros masculino e feminino. A cada sugestão, um debate sobre seu significado.
Para a secretária municipal de Educação, Roseane Limoeiro, a capacitação despertou novas posturas e práticas dentro do ambiente escolar com foco numa sociedade mais justa e igualitária.
“Foi um momento extremamente importante e que revolucionou a prática dos professores nas salas de aula. Nós vimos situações que nos abriram os olhos e hoje temos que ir ao encontro de toda política pública efetuada pelo prefeito Paulo Duarte que colocou várias mulheres em cargos de destaque em seu governo”, lembrou.
Por sua vez, a secretária municipal de Assistência Social e Cidadania, Andrea Ulle, evidenciou que o somatório de ações entre as pastas municipais confere mais eficácia dentro do trabalho em prol do cidadão, uma vez que a capacitação surgiu da parceria entre as duas secretarias em questão.
“Aqui nós somos um conjunto de ações, de políticas públicas para o bem da população. O trabalho da educação não sexista traz a possibilidade de desmistificar aquela história de que o menino usa azul e não pode lavar a louça, que a menina, cor de rosa. Se nós temos direitos iguais, temos deveres iguais”, disse.
O prefeito Paulo Duarte esteve na cerimônia de entrega de certificados e apontou a evolução da figura feminina na sociedade e seus desafios. Ele bem lembrou as mulheres que estão no comando de vários países, entre eles, o Brasil com a presidenta Dilma Rousseff e ainda destacou grande quadro feminino em sua Administração, provando que a propalada igualdade se faz com atitudes.
“A luta ainda prossegue, mas precisamos lembrar, o quanto avançamos nos últimos anos, nas últimas décadas. Se no início do século XX as mulheres não podiam votar, quem diria que no início do século XXI teríamos mulheres liderando países como acontece com o nosso próprio país. Houve um processo de evolução, mas nós temos que reconhecer que o problema (violência contra as mulheres) ainda existe e precisamos enfrentá-lo de forma concreta”, afirmou ao imputar à Educação função fundamental para erradicar com os episódios de violência de gênero.
“Nada se transforma de forma perene se não for através da Educação, e, principalmente pelas crianças que tem que entender desde cedo que não é normal o homem praticar violência seja física ou psicológica contra a mulher”, declarou.
Na cerimônia de entrega de certificados, também foi apresentado pela psicopedagoga Luene Garcia, o projeto “Maria da Penha Vai a Sua Escola”, que será executado a partir do próximo ano numa parceria entre Secretaria Municipal de Educação e Centro de Referência de Atendimento à Mulher.
“Começamos o nosso trabalho com as mulheres, depois levamos o foco para os homens e, agora, buscamos atingir os estudantes, crianças e adolescentes para a construção de uma sociedade de não-violência”, falou ao resumir o propósito do projeto.