Especialista descarta que óbitos tenham sido provocados pela Influenza

O médico infectologista Rivaldo Venâncio da Cruz, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, afastou qualquer possibilidade dos óbitos ocorridos nestes dois primeiros meses do ano na cidade terem sido causadas pela gripe A (Influenza A H1N1), pelo tipo 5 da dengue ou ainda por infecção hospitalar. O especialista, membro do grupo de assessores técnicos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), informou ainda que não há relação entre causas das mortes.

 

“No caso especifico desses cinco óbitos, a avaliação inicial é de que não há uma mesma causa para explicá-los. Ou seja, não há uma relação causal na morte dessas cinco pessoas. Não é o mesmo agente e nem o mesmo processo para os cinco. É provável que existam várias explicações para esse conjunto de mortes, ou seja, uma pode ter sido decorrente de um processo, outra morte por outro agente e assim sucessivamente. Em outras palavras, não está havendo um surto ou uma epidemia de pneumonia em Corumbá”, enfatizou.

 

Venâncio ainda garantiu que não há nenhum motivo para preocupação por parte de quem mora na cidade ou esteja vindo passar o carnaval aqui. “Em hipótese alguma há motivo para preocupação da população. Nós temos registrado, ano a ano, um quantitativo razoável de casos de pneumonia no Brasil que levam a óbito, e em Corumbá também. Esse perfil de mortes por pneumonia em Corumbá tem melhorado muito ao longo das duas últimas décadas, mas ainda persiste”, comentou.

 

Segundo o médico, não há indicio de nenhuma doença infectocontagiosa, sobretudo de uma doença que pudesse se disseminar pela aglomeração de pessoas. “Em outras palavras estou dizendo que a população pode brincar o carnaval sem nenhuma preocupação. As pessoas podem ficar tranquilas que não há alarde e nem de pânico, porque nesse momento os casos registrados estão absolutamente dentro do esperado nos últimos anos quando se trata de pneumonias com óbito”, reforçou.

 

“Infelizmente, em que pese as melhoras registradas nas ultimas décadas, ainda há um resíduo de casos de pneumonias que acabam evoluindo para morte. E isso é motivo de tristeza para qualquer cidadão, seja ou não profissional da saúde”, completou Rivaldo, que esteve na cidade nesta semana se reunindo com os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde.

 

Descartados

 

Um a um, o infectologista derrubou os boatos de que os óbitos tenham sido causados por um epidemia de H1N1, um novo tipo de dengue ou infecção hospitalar. “Neste último caso, existe um conceito definido de que a infecção hospitalar é aquela que surge em uma pessoa que foi internada e a partir de alguns dias de internação surge a doença, que pode ocorrer alguns dias depois da alta hospitalar. As pessoas que foram a óbito já deram entrada no hospital com esse quadro já estabelecido. Não foi um quadro adquirido no ambiente hospitalar”, explicou.

 

“Para que fosse H1N1, teríamos que ter uma quantidade muito grande de pessoas com gripe em Corumbá, com aqueles sintomas clássicos que toda a população conhece: espirro, tosse, nariz escorrendo, congestão nasal e isso não está ocorrendo. Até mesmo os doentes que foram a óbito não apresentaram essas manifestações clinicas. Da mesma forma, se fosse H1N1 era de se esperar que os familiares dessas pessoas, os colegas de trabalho e até mesmo os profissionais de saúde também teriam desenvolvido a gripe, caminhando ou não para a pneumonia. E isso não foi registrado”.

 

“Em relação a dengue tipo 5, não foi registrado nenhum caso no Brasil. E se fosse a dengue tipo 5 aqui em Corumbá, era de se esperar uma grande quantidade de casos distribuídos em todas as faixas etárias e não só nessa faixa de adultos jovens. Quando uma doença como a dengue é introduzida em uma comunidade pela primeira vez, todas as faixas etárias vão adoecer porque ninguém tem anticorpos”, completou o especialista.

 

Acompanhamento

 

Mesmo descartando qualquer possibilidade de um surto de pneumonia na cidade, a Secretaria Municipal de Saúde está investigando a causa dos cinco óbitos causados pela doença em 2014.  “Existem amostras de material biológico para fazer o diagnostico das causas desses óbitos no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), referência da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul. Se por ventura algum resultado der negativo no âmbito do Lacen, este material será encaminhado a laboratórios em outros estados com o objetivo de detectar algum agente causador dessas pneumonias registradas em Corumbá”, informou Rivaldo Venâncio da Cruz.

 

Os resultados desses exames serão divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, respeitando, evidentemente, a individualidade de cada vitima e de seus familiares. Levantamento aponta cerca de 30 mil mortes por pneumonias anualmente no Brasil. Em Corumbá está entre 50 e 60 casos.

 

“Embora estejamos registrando uma grande redução ano a ano no número de casos que levam a óbito, ainda temos na cidade um número de mais ou menos 50 a 60 mortes por ano dessa doença. Cabe lembrar que as pneumonias adquiridas na comunidade têm varias causas, que podem ser virais, bacterianas, causadas pro fungos ou outros agentes etiológicos”, finalizou o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz.

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