Desde o início do ano o pescador Dalvino Moura Pereira, de 39 anos, observa com apreensão a subida constante do Rio Paraguai. Morador do Porto Santa Catarina, localizado na região conhecida como Boca do Paraguai Mirim, ele, a mulher e os cinco filhos já viram as águas romperem o limite da margem e invadirem a pequena casa, construída em madeira na parte mais alta do sitio.
Já é impossível andar por ali sem molhar os pés e para não deixar o local onde vive há mais de 12 anos, Dalvino improvisou algumas pequenas passarelas dentro da casa, chamada pelos pantaneiros de jirau. “Esse ano a água subiu mais. Aqui tá erguendo uns 50 centímetros todo dia e deve ficar assim até o final do mês. Depois para um tempo e começa a descer, bem devagarinho”, estimou o pescador artesanal com base na vivência.
A situação é a mesma para todos os moradores da localidade, distante cerca de 135 quilômetros da área urbana de Corumbá. Por isso a Prefeitura e a Marinha do Brasil, por meio do 6º Distrito Naval, realizaram uma ação emergencial na região durante o último fim de semana. Todas as 70 famílias que, apesar das adversidades, continuam na localidade receberam cestas básicas, kits com verduras e legumes diversos e, nos casos mais graves, lonas plásticas.
“A lona ajuda muito. Aqui pra gente é artigo de primeira necessidade”, afirmou Ruivaldo Neri de Andrade, 53 anos, morador do sítio Mutum. “No meu terreno a água ainda só não entrou na plantação de mandioca porque fizemos uma pequena barreira. Mas de resto tá tudo afundado”, relatou o pequeno produtor rural, lamentando a perda de sua produção.
Além dos alimentos, que asseguraram um pouco mais tranquilidade para os ribeirinhos, a ação emergencial também levou atendimento médico e odontológico para a localidade. Para Maximiano de Oliveira, 63 anos, a ajuda não poderia chegar em melhor hora. Depois de sofrer um AVC e fazer a parte inicial do tratamento na cidade, o ribeirinho retornou para a casa e recebeu a visita da equipe da Prefeitura com muita alegria.
Seo Maximiano aferiu a pressão, recebeu seus remédios e viu a esposa, Joana Oliveira, feliz com a garantia de uma alimentação saudável para esta época de adversidade. “Todo ano a gente vence a cheia e neste não vai ser diferente”, assegurou Joana, com um sorriso no rosto. A ação emergencial aconteceu durante todo o sábado e domingo e foi realizada com apoio do navio de guerra Piraim.