Em Corumbá, ribeirinhos da Manga terão oficinas de artesanato em aguapé

Como apoio da Prefeitura de Corumbá, moradores da comunidade ribeirinha de Porto da Manga terão a oportunidade de aprender a arte de confeccionar artesanato com fibra de aguapé, conhecido também como camalote. A oficina será ministrada pela artesã Catarina Guató, uma das poucas remanescentes e difusoras deste saber secular da etnia. A abertura acontece amanhã, terça-feira, 27, e vai até quinta, 29.

 

O curso é gratuito, destinado a jovens de 18 a 29 anos e terá duração de 20 horas-aulas. A realização é da Funarte e do Ministério da Cultura, por meio do programa Mais Cultura: Microprojetos Pantanal. Tem apoio da organização não-governamental Ecoa, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e da Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania, Fundação de Cultura de Corumbá e da Fundação de Turismo do Pantanal.

 

Catarina vai repassar o modo de saber-fazer do artesanato guató, que consiste na coleta da fibra de aguapé no rio Paraguai, manuseio, preparo e secagem da fibra, confecção e acabamento de trançados que serão utilizados na criação de cestarias, chapéus, tapetes, chaveiros, abanicos, suplats, fruteiras, entre outros objetos utilitários e decorativos.

 

O objetivo é que jovens e adultos aprendam a técnica e passem a produzir e comercializar o artesanato em aguapé para turistas, de forma a aprenderem um ofício alternativo aos poucos existentes nas comunidades onde vivem e obtenham renda complementar a de suas famílias, diante das adversidades socioeconômicas da região.

 

O aguapé é uma planta aquática abundante do Pantanal. Seus emaranhados formam os chamados “camalotes”, que flutuam nas águas servindo de abrigo e alimento para variadas espécies.

 

A centenária comunidade de Porto da Manga abriga cerca de 40 famílias e localiza-se às margens do rio Paraguai, com acesso pela Estrada Parque do Pantanal. Seus moradores trabalham no turismo de pesca, atuando na coleta e comércio de iscas vivas, assim como piloteiros, guias de pesca e pescadores profissionais. O distrito tem relevância histórica, pois ali o Marechal Cândido Mariano Rondon construiu um posto de telegrafia em palafita que resiste até hoje e é mantido pela Prefeitura de Corumbá.

 

Outra oficina está programada para ser realizada na comunidade da Barra do São Lourenço, no mês de junho, mas devido à cheia do rio Paraguai, ainda não há previsão de realização.

 

Catarina Guató

 

Catarina nasceu e foi criada na Ilha Ínsua, terra indígena Guató, na fronteira entre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bolívia, em pleno Pantanal. Já adulta mudou-se para a cidade de Corumbá onde, por indicação da amiga Josefina (em memória), deu sequência à arte que estava sendo gradativamente apagada da memória cultural brasileira.

 

“Desde quando Josefina partiu, em 2013, percebi a necessidade de ensinar aos mais jovens e aos demais interessados a produzir o nosso artesanato típico do Pantanal, que é 100% sustentável.”, revela Catarina.

 

Mais informações podem ser obtidas pelo fone 67 9698 6764.

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