Surgido de um projeto social, o grupo Afroreggae foi uma das atrações do 11º Festival América do Sul e, com certeza, a que mais interagiu dentro das atividades do evento, pois além do show musical na noite de domingo, 04 de maio, seus integrantes ainda promoveram uma palestra e uma oficina de percussão.
Mais conhecido como “Feijão”, o produtor cultural do grupo, Washington Rimas, palestrou na tarde do sábado, dia 03, para um público de crianças, jovens e adultos no pátio da escola de artes Moinho Cultural Sul-Americano.
Ele explicou que o Afroreggae busca justamente fazer da arte um canal para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica e por isso a participação ativa do grupo em várias atividades do Festival.
“Esse é o nosso ofício: levar entretenimento, consciência, informação e transformação social, que é o mais importante de tudo”, resumiu Feijão que é o próprio exemplo da transformação tão defendida, já que o mesmo desde muito cedo se envolveu com o mundo do crime e chegou a comandar o tráfico na favela Acari, no Rio de Janeiro.
“A gente acredita na transformação através dessas ferramentas que já provou que dá super certo. A gente sente uma energia muito positiva, para nós é gratificante poder passar um porquinho da nossa expertise”, disse Feijão que também atua como mediador de conflitos, um dos pontos abordados durante a palestra trazida para Corumbá.
Ao conhecer a escola de artes do Moinho Cultural e de outros projetos como a Oficina de Dança e a Academia Municipal de Musica Manoel Florêncio, esses dois últimos mantido pela Prefeitura Municipal de Corumbá, ele se sentiu satisfeito.
“A impressão é que tem pessoas iguais a gente que estão aqui tentando plantar a sementinha do bem no coração de outras pessoas para transformar o mundo, fazê-lo melhor com menos violência”, revelou.
A Oficina de Percussão reuniu muita gente interessada no conhecimento dos músicos e também na sua forma didática como foi o caso do mestre de bateria de escola de samba de Corumbá, Diego Rojas.
“Pra gente é muito bom saber, conhecer mais, sempre aprender. Queremos melhorar e desenvolver novos projetos com a música, com a percussão e por isso é importante essa oportunidade”, comentou.
Além de alunos do Moinho Cultural, a oficina também recebeu um púbico especial, as crianças e os adolescentes da APAE Corumbá, provando que todos podem juntos produzir e arte e melhorar a sociedade onde estão inseridos.
E vem mais
“Futuramente, a gente vai estar com mais frequência”, afirmou Feijão sobre a parceira que Prefeitura Municipal de Corumbá está providenciando para a formação de multiplicadores.
De acordo com a vice-prefeita e diretora-presidente da Fundação de Cultura de Corumbá, Márcia Rolon, há pelo menos seis meses a Prefeitura já buscava a vinda do grupo a cidade para conhecer a realidade local e traçarem, em parceria, ações que congreguem arte e protagonismo social.
“Eles conheceram o trabalho e ficaram sabendo que é muito sério e da necessidade de desenvolverem esse projeto na fronteira, pois como digo a eles, o que acontece lá nos morros cariocas tem relação com as fronteiras, passa por ela”, observou Rolon que detalhou mais ainda o projeto em fase de elaboração conjunta com o grupo.
“Além da percussão, terá o circo, o violino, o grafite, enfim, são cinco momentos que serão trabalhados. Pretendemos formar, ao menos, 15 multiplicadores em cada área, o que nos resultará numa média de 75 pessoas capacitadas a formarem outras. Elas, posteriormente, irão se estender para nove áreas que já definimos dentro da cidade”, antecipou.