Em comemoração à assinatura da lei que pôs fim à escravidão no Brasil, que completa 126 anos nesta terça-feira, 13 de maio, a Prefeitura de Corumbá promoveu uma roda de conversa sobre o tema ‘Preconceito X Racismo. Qual é a diferença? Você sabe se defender? Em que estamos errando?’ O evento aconteceu pela manhã no auditório do Paço Municipal, e contou com as presenças do prefeito Paulo Duarte, de presidentes de grêmios estudantis das escolas da Reme e representantes da sociedade civil.
Na abertura do evento, a coordenadora do movimento negro em Corumbá, Nara Nazareth, falou sobre a importância de provocar uma profunda reflexão sobre a importância do negro para a história do Brasil, bem como em relação a seu posicionamento na sociedade atual. “Para nós da comunidade negra é um dia reflexivo para que possamos fortalecer os instrumentos de fomento à igualdade racial já existente”, destacou, acrescentando que com a educação é possível acontecer uma mudança.
Durante o encontro, o prefeito Paulo Duarte destacou como positiva a roda de conversa. “É importante desenvolver um trabalho como este, porque o preconceito racial existe hoje de forma clara e explícita”, disse Duarte, acrescentando que o preconceito de forma velada é ainda pior por ser mais difícil de ser combatido. “O que nós queremos quando temos uma gerência que trata desses temas, é efetivamente dizer que a Prefeitura abomina todo e qualquer tipo de preconceito de qualquer ordem, trabalhando para que sejamos todos iguais”, completou.
O prefeito ainda lembrou que há diversos tipos de preconceito. “Eu mesmo, na adolescência, fui alvo de discriminação social na escola, justamente por vir de família humilde e ser bolsista no colégio Dom Bosco em Campo Grande. Eu tinha um casaco só, que era o da escola, mas nem por isso eu me envergonhava”, contou Paulo Duarte, declarando a importância de não esconder ou ter vergonha da origem, raízes. “Elas são a nossa razão de ser e definem quem nós somos”, completou finalizando que o Brasil é o pais da diversidade. “Vamos juntos construir uma Corumbá sem racismo! Somos todos seres humanos! Somos todos iguais!!”.
O encontro foi organizado pela Gerência da Igualdade Racial e contou com uma palestra do Defensor Público de Corumbá, Carlos Eduardo sobre Racismo Institucional. Em sua fala, o defensor enfatizou o fato de combater o preconceito ouvindo mais do que falando. “Antes de Julgar, precisamos ouvir a pessoa”, disse. “Nosso papel é estender as mãos, porque o racismo é o mesmo que fecharmos as portas para as oportunidades”, acrescentou.
Para falar sobre Intolerância Religiosa, outro tipo de preconceito muito comum hoje em dia, o encontro contou com a presença do presidente da SINFECAMS, Hamilton Garcia. “Intolerância também é um crime, é um ódio”, declarou. “As pessoas precisam ser mais tolerantes para começar a aceitar o outro”, destacou Hamilton. “Intolerância religiosa é falta de fé”, completou.
A roda de conversa também contou com uma palestra sobre Racismo, com a assessora executiva da politica de humanização da saúde, Célia Flores, e também de juma palestra do Gerente de Politicas para a Juventude, Victor Raphael de Almeida, sobre Juventude Negra.
Presente ao evento a secretária de Assistência Social e Cidadania, Andréa Ulle, parabenizou todo trabalho desenvolvido pela Gerência da Igualdade Racial em prol do fortalecimento da luta dos negros por seu devido espaço na sociedade. O evento foi prestigiado por um grande número de pessoas, entre elas a secretária de Educação, Roseane Limoeiro que vem levando o tema para as escolas municipais, como parte do processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
A vice-prefeita e diretora-presidente da Fundação de Cultura, Márcia Rolon, também participou da roda de conversa sobre racismo.
O evento serviu ainda para massificar o tema que está sendo amplamente debatido com a sociedade corumbaense, possibilitando dessa forma, o desenvolvimento do programa Corumbá Sem Racismo, tendo como base o Plano Municipal da Igualdade Racial e as leis que estabelecem a inclusão da temática da História da África e da Cultura Afro-Brasileira nos conteúdos curriculares do ensino básico, e a implementação das cotas raciais nos processos seletivos das universidades públicas.