A expansão da cobertura da coleta seletiva anunciada pelo prefeito Paulo Duarte no Dia Internacional do Meio Ambiente, é um dos requisitos para a implantação do Aterro Sanitário, estrutura que substituirá o atual “lixão”.
Hoje, Corumbá produz diariamente entre 60 a 70 toneladas de lixo que, após a separação do material reciclável feita por duas associações de catadores, são depositadas em um grande terreno.
A área para a implantação do aterro sanitário já foi escolhida e atenderá tanto Corumbá como o município vizinho, Ladário, onde foi encontrado o melhor espaço para a instalação da estrutura necessária de forma que gere menos impactos ambientais.
“É muito mais complexo do que a gente pensa, precisa seguir resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que tem mais de 20 critérios. Dentre eles, até mesmo a direção do vento influencia”, comentou Luciene Deová, diretora-presidente da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal.
Ela lembra que todo o procedimento exigido pelo município foi feito, porém estudos complementares solicitados por órgãos ambientais estão sendo elaborados para que a concessão do licenciamento prévio, que antecede a licença de instalação, seja efetivado.
“A gente vem cumprindo todos os pedidos e o processo está sendo analisado. No final do ano passado, estudos geofísicos foram pedidos, uma vez que o solo calcário é bastante permeável”, disse ao explicar que, por isso mesmo, em etapas anteriores dos estudos, foi detectada a necessidade da instalação de uma dupla camada de manta de polietileno, justamente pela característica do solo local.
Além da busca pela implantação do aterro, ações em outras vertentes somam-se no gerenciamento dos resíduos sólidos, dentre elas, o social com o equipamento das associações de catadores para as quais foram destinadas três prensas hidráulicas – duas verticais e uma horizontal –, 50 contêineres metálicos cilíndricos, 16 carrinhos metálicos com duas rodas e quatro carrinhos metálicos para fardo.
“É um trabalho mais amplo que ataca várias frentes, incluindo a social, a educativa, as ações do Corumbá Sempre Bela”, elencou.
Nova forma de descarte
Com a expansão do serviço de coletiva seletiva para toda a área urbana, Corumbá cumpre a Lei 12.305/2010 intitulada “Política Nacional de Resíduos Sólidos”, segundo comenta Deová.
“Corumbá fortalece o sistema que é extremamente necessário para o sucesso do aterro sanitário que tem sua vida útil prolongada com essa prática. O resíduo orgânico vai para compostagem e o que sobra é uma pequena fração do lixo. É isso que vai para a área onde se formarão células de lixo através da compactação por máquinas de prensagem”, explicou.
Ela continuou a esclarecer o funcionamento do aterro que tem vida útil estimada em 45 anos, desde que a coleta seletiva seja adotada pela população.
“O aterro sanitário é um local de disposição final com todas as técnicas de engenharia para minimizar o impacto ambiental e visual com a compactação de material, cobertura da área, não fica nada exposto”, garantiu.
A diretora-presidente disse ainda que o “chorume”, líquido que escorre do lixo, também é tratado de forma diferenciada num aterro.
“Ele é conduzido para uma lagoa onde é armazenado e tratado. Só depois é que é conduzido para o sistema de esgoto, quando já não mais oferece problemas ao meio ambiente”, afirmou.
Outro “produto” gerado com o aterro é o gás metano para o qual a Fundação de Meio Ambiente está buscando forma de implantar um sistema de captação como forma de gerar energia.
“Como existe esse apelo pelo Pantanal, não vamos queimar, mas sim gerar energia com esse metano que será produzido. Estamos correndo atrás de tecnologias no estado para captar e usar esse próprio metano como energia para o aterro”, comentou Luciene ao destacar ainda que o uso do gás pode ser ampliado.
“Existe a demanda de energia do município com as empresas. Então, temos que buscar parcerias com elas para implantação do sistema de captação e oferecimento de energia que seja revertida para as próprias empresas investidoras”, disse.