Corumbá faz dossiê dos festejos de São João em busca de registro nacional

Em parceria com a Fundação de Cultura, autarquia da Prefeitura Municipal de Corumbá, o Campus do Pantanal, unidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, está realizando a maior e mais completa pesquisa sobre as festividades de São João na cidade pantaneira que tem um jeito peculiar de festejar o santo junino com a lavagem da imagem nas águas do rio Paraguai.

 

Com a reabertura do processo para registro do Banho de São João de Corumbá como Bem Cultural Imaterial Nacional, junto ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), as informações que estão sendo coletadas por professores e acadêmicos de vários cursos do CPAN, respaldarão cientificamente o conteúdo do dossiê que será enviado ao Instituto.

 

A equipe de trabalho foi dividida em distintos grupos que aplicam um questionário que busca saber sobre detalhes da forma de realização das festividades em várias regiões da cidade. As equipes se utilizam ainda da captação de áudio e registros fotográficos que irão respaldar futuramente, a confecção de diversos produtos científicos, entre eles, artigos.

 

“Estamos atuando com acadêmicos que se apresentaram de maneira voluntária para este trabalho que é uma espécie de censo destes festeiros. Para isso, inserimos questões pontuais no questionário, por exemplo, sobre a forma de transmissão da festa, os significados de elementos como o mastro e a fogueira”, detalhou o diretor do Campus do Pantanal, Edgar Aparecido da Costa, que também está indo a campo para coordenar o georreferenciamento dos locais das festas no território urbano.

 

“O papel da universidade é também estar mais presente na vida da sociedade e naquilo que é importante para ela. Assim, percebemos a necessidade de estarmos juntos, respaldando e qualificando cientificamente, esse trabalho para a confecção do dossiê com vistas ao registro dos festejos de São João em Corumbá como bem imaterial brasileiro”, comentou o diretor ao explicar que nesta ação dois pilares da universidade – pesquisa e extensão – são atendidos.

 

A acadêmica do curso de Letras (habilitação Português/Inglês), Juliane Gamboa, viu como uma grande oportunidade de crescimento acadêmico a participação na pesquisa. Cursando ainda o primeiro semestre, ela tem se deparado com um universo até então desconhecido.

 

“Vim da cidade do Pará para estudar em Corumbá e estou impressionada com a forma como o São João é celebrado aqui. É muito diferente do que eu conhecia na minha cidade. Aqui há uma infinidade de simbologias, entre elas, a mais significativa é a lavagem da imagem no rio”, afirmou a estudante.

 

Dar a voz

 

A diretora-presidente da Fundação de Cultura de Corumbá, Márcia Rolon, explicou que os dados levantados pelo CPAN constituirão parte importante do dossiê que também está contando com a parceria da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e da superintendência do IPHAN em Mato Grosso do Sul.

 

“Devemos concluir e entregar o dossiê no próximo ano, pois é um trabalho bastante meticuloso que só é possível graças a essas parcerias, principalmente da UFMS, que é a instituição que está atuando diretamente com os festeiros”, observou a gestora da cultura local.

 

Ela comentou ainda que o georreferenciamento oferecerá localização precisa de cada festeiro, bem como suas práticas adotadas nas celebrações. Serão dados que poderão ser recuperados a qualquer momento do ano e por qualquer pessoa interessada.

 

“Esse levantamento dará voz àqueles que realmente são os donos da festa. Serão informações precisas, dados reais e com caráter científico que tanto necessitamos”, disse Rolon.

 

O trabalho das equipes segue durante e pós o período de festejos. Por isso da Fundação de Cultura de Corumbá e o Campus do Pantanal esclarecem aos festeiros a necessidade de fornecer o maior volume de detalhes sobre as comemorações.

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