A Prefeitura de Corumbá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a Associação Corumbaense das Pessoas com Doenças Falciformes (Acodfal) e o Conselho Municipal de Saúde realizaram nesta quarta-feira, 18 de junho, uma roda de conversa com as gestantes atendidas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Luiz Fragelli, no bairro Universitário.
A importância do pré-natal e do teste do pezinho, capaz de detectar o traço falciforme no bebê, foram os principais pontos da conversa. Além do exame de pé, a eletroforese de hemoglobina também é utilizada para identificar a doença. Os dois exames estão incluídos na Rede Cegonha e realizados pelo SUS.
A roda de conversa fez parte do Dia Mundial da Doença Falciforme, celebrado nesta quinta-feira, dia 19. Em Corumbá, 170 pessoas possuem o traço de anemia falciforme. A Acodfal faz o acompanhamento delas e o mapeamento da árvore genealógica.
Anemia falciforme
A presença da anemia falciforme é determinada por uma quantidade elevada de hemácias deformadas. Em indivíduos normais, as células de transporte de gases, hemácias (também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos vermelhos), têm forma arredondada côncava e flexível, e possuem em si moléculas de hemoglobina,que são responsáveis por fazer as ligações gasosas.
Essa constituição permite que essas células consigam executar sua função mesmo através dos mais finos capilares. A formação dessa hemoglobina, determinada por um par genético no cromossomo 11, muda nos indivíduos falciformes. Neles, há a presença de ao menos um gene mutante, que leva o organismo a produzir a hemoglobina S. Essa hemoglobina é devida à substituição de um único nucleotídeo que altera o códon do sexto aminoácido da B-Globina de ácido glutâmico para valina (GAG → GTG: Glu6Val).
A homozigosidade para esta mutação é a causa dessa anemia falciforme. Um heterozigoto tem uma mistura dos dois tipos de hemoglobinas, A e S, além de um tetrâmero híbrido de Hemoglobina. Ela consegue transportar o oxigênio mas, quando o mesmo passa para os tecidos, as moléculas da sua hemoglobina se aglutinam em formas gelatinosas de polímeros, também chamadas tactóides, que acabam por distorcer as hemácias, que tornam-se duras e quebradiças devido às mudanças na sua membrana.
Quando recebem novamente o oxigênio, podem ou não reganhar seu formato: após algum tempo, por não suportar bem modificações físicas, a hemoglobina pode manter a forma gelatinosa permanentemente e, consequentemente, a deformação que ela gera. Nessa forma, sua vida útil se extingue mais rapidamente, o que pode vir a causar anemia hemolítica (ou comum).
Contudo, ao contrário da anemia comum, não há tratamento definitivo para a forma falciforme. O gene causador desse último problema tem uma relação de co-dominância com o gene normal. Assim, há indivíduos portadores de uma forma branda e de uma forma severa da mesma doença.