De casa em casa e até mesmo quem transitava pelas ruas era abordado a fim de transmitir a forma correta de agir em caso de um contato inesperado com uma onça-pintada, felino que tem, devido à prolongada cheia do Pantanal este ano, aparecido com frequência na área urbana do município, sobretudo em regiões margeados pelo rio Paraguai, como é o caso do bairro Cervejaria.
O morador Manuel de Arruda recebeu com cordialidade a equipe e afirmou que o trabalho é importante para levar a mais pessoas a prudência que o senhor diz que já adota em seu dia-a-dia. “A gente já está preparado pra não jogar pedra, não se aproximar. O melhor é se afastar e chamar as autoridades para fazer o resgate dela”, comentou.
Rosângela Ribeiro de Arruda mora no Cervejaria desde que nasceu e afirma que sempre em épocas de cheia há relatos da presença do animal, porém nunca o avistou. Ela ouviu as orientações das equipes que ainda alertaram sobre a proteção que as onças possuem pela legislação federal.
Segundo a lei 9605/98, “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”, prevê detenção de seis meses a um ano, acrescida de multa.
Com duas filhas pequenas, Edileuza Aires de Souza, também conhece relatos da presença do felino no bairro, porém o contato com o felino nunca aconteceu. “A melhor coisa é prevenir e não se aproximar. Não pretendo dar de cara com uma”, diz a senhora que afirma ter atenção redobrada, principalmente, no período da noite, pois a onça é um animal de hábitos noturnos.
A bióloga Marina Daibert, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, lembra que raramente esses felinos atacam humanos e que a prudência e cautela são elementos essenciais em caso de um contato com o felino. “Qualquer animal silvestre a população tem que contatar ou o Corpo de Bombeiros ou a Polícia Militar Ambiental. A gente se preocupa mais com a onça porque muitas ocorrências vem aparecendo”, lembrou.
Todos os moradores abordados receberam um panfleto explicativo com as principais orientações sobre a correta forma de agir em contato com o animal silvestre. “Fizemos de questão de produzir numa linguagem bem simples, mas eficaz como forma de atingir qualquer leitor”, explicou a bióloga.
Com a mudança de estação se aproximando, outro fator climático também influencia no aparecimento de animais na zona urbana, por isso esses cuidados devem ser incorporados para serem usados em qualquer época do ano na cidade que é considerada o coração do Pantanal.
“Apesar da cheia ainda estar muito alta, já começamos o período de estiagem quando temos, infelizmente, as queimadas nas morrarias, então estamos sendo acometidos por essas duas condições”, avaliou.
Nos próximos dias, as equipes ainda devem visitar os bairros Beira Rio, Universitário, além da região avenida rio Branco e também a cidade vizinha de Ladário.
Conheça as recomendações do panfleto educativo:
- Nunca se aproxime da onça. Não tente tirar fotos ou filmar;
- Nunca vire as costas e saia correndo. A onça pode te confundir com uma presa;
- Não atire pedras e outros objetos na onça;
- Não grite com a onça;
- Não tente espantar ou capturar o animal;
- A onça é um animal mais ativo logo após o pôr do Sol até as primeiras horas do amanhecer, então evite permanecer próximo aos locais de avistamento, nesses horários, principalmente com crianças;
- Nunca mate uma onça. Isto é crime ambiental e pode dar cadeira e multa.
- Ligue imediatamente para o Corpo de Bombeiros (193) ou Polícia Militar Ambiental (3231-5201).