Acreditando que a arte pode transformar as pessoas, o artista plástico norte-americano Robert Markey e a enfermeira Julie Orfirer estão desenvolvendo um trabalho que ensina crianças e adolescentes do CRAS I (Centro de Referência em Assistência Social), no bairro Centro América, a se expressarem através da confecção de mosaicos.
A técnica não exige sofisticação de materiais que essencialmente são cacos de azulejos, espelhos e argamassa, porém pede muita atenção e criatividade para o encaixe que dê o formato e a coloração que conferirá beleza ao traço inicialmente esboçado em paredes.
No CRAS, além das habilidades já citadas, as crianças e adolescentes aprendem outra importante lição: trabalhar em equipe. “Eu estou gostando porque estamos aprendendo juntos, a gente assimila melhor do que sozinhos. Antes eu não gostava de conversar com ninguém, ficar perto de ninguém”, disse Luciane Ortiz Chamo, de 16 anos de idade.
Também com 16 anos, Nestor Aparecido Soares Duarte é um dos alunos mais aplicados e confessa que, durante os três anos que frequenta os CRAS, o curso de mosaico é o mais interessante feito até agora e nem mesmo a língua diferente do instrutor atrapalha na hora do aprendizado.
“A gente vai se virando em gestos, ele também fala um pouco de Português a gente vai se entendendo. Foi o curso que mais gostei pelo modo com que ele nos ensino, eu gostei mesmo da técnica”, afirmou o jovem.
Os temas escolhidos para os painéis são a família, animais do Pantanal e elementos naturais que representam o sentimento de pertencimento dos adolescentes e sua comunidade.
“A gente percebe a preocupação das crianças em fazer e fazer bem feito, além de se fazerem entender pelos orientadores. Nossos adolescentes são inquietos querem movimentação e pensamos que ia ser difícil despertar o interesse deles, porém a relação com os instrutores deu-se da melhor forma possível e eles aprenderam a refletir, a se concentrar na busca da melhor peça em forma e cor para compor cada figura”, comentou a coordenadora do CRAS I, Kátia Capilé.
O trabalho desenvolvido por Roberto e Julie não se restringe a Corumbá. Eles já estiveram seis vezes no Brasil, sendo esta a segunda visita à cidade pantaneira. Além disso, eles já tiveram contato com crianças das cidades de Campo Grande, Rio Verde, Aquidauana, Rio de Janeiro (favela da Rocinha), Curitiba, além de países como Índia, Sirilanka, Israel e Camboja.
“A gente não tem o objetivo primordial de fazer turismo, queremos é viver numa comunidade, fazer amigos, conhecer as pessoas, esta é a melhor forma para conhecermos o país onde estamos”, explicou o artista norte-americano que aprendeu a técnica ao se maravilhar com o trabalho do artista plástico baiano Bel Borba durante sua passagem por Salvador em 2003.
“É muito importante para o mundo as crianças entenderem a arte. Me causa muito orgulho ver as coisas criando um mundo melhor, eu faço apenas um pouco para ajudar o mundo que já tem muito problema”, declarou Robert.
Os artistas norte-americanos também estão repassando a técnica para adolescentes
em cumprimento de medidas socioeducativas atendidos pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS/Medidas Socioeducativas. Com estes, os mosaicos estão sendo confeccionados na Casa de Acolhimento Institucional Adiles de Figueiredo Ribeiro, localizada no bairro Guarani.
O casal conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da Secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania, cuja secretária Mabel Marinho Sahib Aguilar agradeceu-o pela parceria destacando a importância desta oficina para o público atendido pela Política de Assistência Social em nosso município.
A oficina será finalizada no dia 24 de abril, quando será apresentado às famílias e a toda comunidade o resultado dos trabalhos desenvolvidos e os mosaicos criados pelos participantes.