Mestre cururueiro ensina modo de fazer viola de cocho durante oficina

Ela é símbolo da cultura pantaneira e seu modo de fazer foi registrado pela IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Livro de Saberes no ano de 2005. A viola de cocho está sendo o tema de uma oficina oferecida durante a programação do Festival América do Sul Pantanal (FASP) em Corumbá, um dos redutos do instrumento que embala os ritmos cururu e siriri.

 

O jeito inteiramente artesanal de confeccionar a viola é detido pelos chamados mestres cururueiros e, dentre eles, está Sebastião de Souza Brandão, que aos 71 anos de idade, encanta quem se dedica ouvir seus ensinamentos pela simplicidade e doação em ensinar uma tradição.

 

“Eu gostaria que meus outros colegas fizessem isso também e repassassem o que sabem para todos aqueles que queiram e tenham interesse em aprender porque isso aqui é nosso patrimônio”, disse o senhor que já produziu mais de 500 unidades do instrumento ao longo da vida.

 

Conhecimentos tradicionais como a fase da lua correta para o corte da madeira que, geralmente, é extraída da árvore nativa denominada “ximbuva” são explicados pelo mestre que foi forjada numa família de cururueiros.

 

 Quando Seo Sebastição anunciou que se leva de seis a oito dias para finalizar uma viola, muitos alunos da oficina se espantaram com o trabalho de extrema dedicação que é aplicado.

 

“Não achava que era difícil, achava que ele cortava tudo na moto-serra que não era artesanal”, disse a assistente de apoio educacional, Joselaine Gonçalves dos Santos,

uma mulheres que está freqüentando a oficina oferecida pelo IPHAN.

 

O músico e artista de rua, Almir Fernandes, é corumbaense, porém só se despertou para o valor cultural da viola de cocho depois de algumas incursões em outras localidades.

 

“Dediquei me a essa oficina porque fui para Amazônia e me apeguei muito às culturas tradicionais. Que fazia muito parte de mim essa coisa do afroindígena e resolvi voltar para o Pantanal e saber mais sobre o cururu e o siriri que vive em harmonia com a natureza”, disse o músico que pretende levar o som do instrumento pantaneiro para o mundo e sua primeira parada depois de aprender as técnicas em Corumbá será o Chile.

 

Dança

 

Durante a oficina, os alunos também aprendem a forma de dançar ao som da viola e o siriri, ritmo mais festivo, é ensinado por Vilmara da Silva Bívica, que veio diretamente de Cuiabá.

 

“O siriri representa pra gente a alegria do cotidiano de um povo e tem influências negras e indígenas com movimentos de roda entre outros. As mulheres que dançam descalças que é a troca de energia com a terra. A gente retrata na forma de dançar, no figurino e adereços aquilo que queremos falar, mas sobretudo, é alegria”, explicou.

 

Ao final da oficina, os alunos farão uma apresentação na praça Generoso Ponce, mostrando tudo o que assimilaram nestes dias de oficina.

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