Autoestima, elegância e empoderamento são palavras que definem a transformação que um turbante é capaz de fazer. Feitos com panos e lenços, coloridos ou estampados, o acessório, além de dar um toque especial à beleza feminina, promove a afirmação da estética negra e a luta por cidadania.
“É uma oportunidade de mostrar o que podemos fazer com o nosso crespo, como realçar e valorizar”, disse Nara Nazaré, da Gerência de Políticas para Igualdade Racial, que ministrou uma Oficina de Turbantes para os alunos do 9° ano da escola Estadual Carlos Castro Brasil, na manhã dessa quinta, 19.
“Eu sempre fiz o turbante, sempre gostei de fazer nós no cabelo, mas não sabia o significado, foi quando eu fui até salvador, conheci a negra Jhô, uma das maiores trançadeiras da região, e ela me explicou sobre o acessório que remete à história, disse Nara, destacando a importância de resgatar valores da cultura negra, que é muito rica.
“Eu sou apaixonada pela cultura afro e acho que ela deve ser explorada tanto no trabalho quanto nas escolas, pois todos nós somos afrodescendentes. Além do que, é de grande importância destacar o empoderamento e a valorização da mulher negra. É também uma iniciativa que visa combater o racismo institucional e não podemos ficar de fora, completou.
Oficina
Trabalhando para que meninas se sintam mais bonitas, vibrantes e mudadas no sentido estético e de estar desenvolvendo consciência política, Nara introduziu o uso de turbante a partir da reflexão de que ele integra um processo de embelezamento e um profundo resgate da identidade negra. Ensinou várias técnicas de amarrações, com tecidos de chita e com visco lycra. De um jeito charmoso e funcional, o acessório alegrou as alunas e despertou a curiosidade de todos que passavam pelos corredores da escola.
“Eu também quero aprender a usar esse lenço na cabeça”, disse a aluna Lais Mendonça, que passava pelo local da oficina no momento. “Sou de outra turma e não participei do projeto, mas acho o máximo esse acessório na cabeça e quero aprender também, disse a menina, que experimentou um dos diversos tipos possíveis de amarrações com o tecido. “Adoro esse estilo afro”, comentou ao se olhar no espelho.
Projeto
Os alunos da escola Carlos Castro Brasil encontraram uma maneira criativa de discutir Políticas Públicas de Igualdade Racial. Envolvidos com o tema, eles pesquisaram, entrevistaram e discutiram questões do universo da cultura afro-brasileira, suas produções artísticas e estéticas, buscando reconhecer seu valor e fortalecer a memória e a autoestima de mulheres negras e homens negros, numa luta pelo resgate das origens africanas.
“Eles conversaram com a Nara Leão, da Gerência de Políticas para Igualdade Racial, entenderam qual o papel deles dentro do Município, visitaram os cordões de capoeira e o Instituto Mulher Negra. A partir disso, fizeram um parâmetro de como é essa Política de Igualdade Racial dentro de Corumbá hoje”, explicou a professora de Língua Portuguesa, Camila Cavalcante.
Para a aluna Stefani Bezerra da Silva, do 9º ano, a cultura negra precisa ser inserida no cotidiano do corumbaense. “Foi muito bom fazer parte desse projeto e ajudar no resgate da identidade negra”, disse a menina. “É tudo tão lindo que todos precisam tomar conhecimento”, continuou.