O IV Encontro da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Doméstica: Construindo e aprendendo novos saberes, movimentou a manhã desta quinta-feira, 07, em Corumbá. O evento aconteceu no Tribunal do Júri da Comarca com a participação de diversas autoridades jurídicas, além de psicólogas e assistentes sociais de Corumbá e Ladário.
O encontro foi extremamente importante diante da necessidade de se aperfeiçoar a interlocução dos equipamentos que compõem a rede de atendimento/enfrentamento à violência doméstica contra a mulher, assim como proporcionar um maior conhecimento do trabalho de cada unidade, objetivando uma análise da importância da interdisciplinaridade e intersetorialidade para o enfrentamento da situação.
Segundo a gerente de Políticas para a Mulher, Cristiane Sant´Anna, o evento foi um encontro da rede ampliada, para que as pessoas possam entender como é que o trabalho deve ser desenvolvido. “Esse encontro acontece anualmente e tem como objetivo reunir todos os serviços que são oferecidos a nível federal, estadual e municipal, que integram a rede juntamente com entidades e órgãos que trabalham na área tanto de atuação de pesquisa como de defesa da mulher”, explicou.
Presente ao evento, a secretaria de Assistência Social e Cidadania, Mabel Sahib Aguilar, lembrou que a rede está se fortalecendo. “Hoje podemos ver que essa rede funciona e acontece, pelos casos de conseguimos resolver, que a gente consegue encaminhar. Agora nós começamos a ter conhecimento da causa e, com isso, ficamos sabendo o que cada setor faz porque esse é um trabalho intersetorial”.
Para a secretaria de saúde, Dinaci Ranzi, o encontro é de extrema importância e que isto é vivenciado no cotidiano da saúde. “Nós não poderíamos estar de fora desse encontro pela estatística que o DANT tem. Os números de violência não só contra a mulher, do ano passado, são muito elevados. Temos que fortalecer essa rede para que possamos mudar esse números”.
O delegado regional Gustavo de Oliveira Bueno Vieira, colocou que essa é uma política que tem que ser desenvolvida em rede, e Corumbá sempre teve essa tradição de trabalhar bem políticas públicas em rede. No entender dele, não há vaidades. “É assim que deve ser para funcionar bem. Cada um dentro da sua atribuição sempre respeitando a atribuição do outro órgão, mas com um trabalho integrado”, acentuou, citando que o encontro permitiu formar “um ambiente de discussão, de aprendizado e de trocas de ideias para que essa coordenação seja cada vez melhor”.
A juíza da Vara da Fazenda Pública, Luiza Vieira Sá Figueiredo, foi uma das palestrantes da manhã e apresentou a pesquisa “Violência contra as Mulheres na Fronteira”, elaborada por ela em 2014 e apresentada no Fórum Nacional de Juízes.
“E eu usei como base dados da segurança pública e fiz algumas entrevistas com a rede de atendimento à mulher em Corumbá, em Puerto Suarez e Ponta Porã”, disse. “Em linhas gerais, o que podemos observar é que existe uma rede de atendimento a mulher, que é um braço da política pública para a mulher”, continuou.
“Aqui em Corumbá e em Ponta Porã, isso é muito positivo, tornando um fator relevante porque a esse órgão compete articular tanto o atendimento quanta a política em favor da mulher, independente de ser região de fronteira ou não”, observou.
Na palestra, ela observou que uma das características da região de fronteira é justamente o fato do fluxo de pessoas ser muito grande. Lembrou que na região existem brasileiros morando na Bolívia, bolivianos morando em Corumbá.
“Temos famílias binacionais, onde um dos pais é de nacionalidade do pais vizinho. Temos filhos que nascem aqui e que nascem lá. Então a gente percebe que essas famílias têm um domicilio volante na região da fronteira. Quando há casos da mulher querer se separar, o marido acaba falando que ela não tem direito a nada, o que acaba amedrontando a companheira”, explicou.
A segunda palestra da manhã foi justamente sobre o processo de notificação dos casos de violência no DATASUS, que foi explicado pela Lielza Molina, do DANT. “No ano passado nós tivemos 1015 atendimentos entre crianças e adultos. As mulheres foram a maioria dos atendimentos”, disse, observando que os números devem ser bem maiores. “Estes dados refletem apenas o atendimento na rede pública. Deve ser bem maior se tomarmos em conta a rede particular”, citou.