Hidrovia do Rio Paraguai é viável, aponta estudo coordenado por pesquisador

Eduardo Ratton, coordenador do Instituto Tecnológico de Infraestrutura de Transportes (ITTI), responsável pelo Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da Hidrovia do Rio Paraguai, afirmou que é totalmente viável a construção da hidrovia. A análise apontou que a exploração sustentável do rio poderá gerar riqueza econômica, sendo sua manutenção bem menos onerosa que rodovias e sua implantação mais acessível do que a construção de estradas.

 

O pesquisador Eduardo Ratton afirmou que o EVTEA analisou o trecho de 1270 km entre Cáceres/MT e Porto Murtinho/MS a pedido do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Conforme ele, o rio tem grande potencial para ser uma hidrovia para se transportar outras cargas, além do minério de ferro. A produção agrícola do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul poderiam estar hoje sendo transportada pela hidrovia a um custo mais barato, menos poluente e com menos acidentes do que pela rodovia.

 

“Fizemos esse levantamento para ver a possibilidade de se utilizar a hidrovia para transporte saindo para os portos do Sul, lá pela Argentina, pelo Uruguai. Seria transporte com custos de menos da metade do realizado pelas rodovias, evitando-se todos os desgastes dessas estradas. Tendo essa possibilidade, quem sai ganhando é o produtor”, afirmou Eduardo, coordenador do ITTI, vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR).

 

O estudo chegou a conclusões positivas, conforme o pesquisador. Os três aspectos analisados, (técnico, econômico e ambiental) foram investigados por especialistas multidisciplinares. Do ponto de vista técnico, o trabalho de engenharia delimitou os 1.270 quilômetros do trecho brasileiro, foi feito mapeamento do fundo do rio para verificar qual seria a melhor posição do canal de navegação e onde poderia ser feito o menor volume de dragagem.

 

O custo que o Governo iria ter para manter esse rio navegável com a profundidade exigida e com as sinalizações de margens. Todo ano deve haver algum tipo de dragagem para manter isso. Diferente nas rodovias, que quanto mais se usa mais manutenção se tem que ter, no rio é o contrário, quanto mais passagem de embarcações, isso evita o depósito de sedimentos. A cada ano, a necessidade de dragagem será menor.

 

“A parte de dragagem, para deixar esse trecho todo adequado para navegação, é algo em torno de 10 milhões de reais, que é o que vale a construção de dois quilômetros de rodovia”, disse Eduardo, apontando para a economicidade da hidrovia. “O País cresce, a produção cresce e nós temos que escoar essa produção com o menor custo possível. Então, do ponto de vista econômico é altamente viável”, frisou o pesquisador.

 

A questão ambiental também foi estudada. “A verdade é que temos que ter o controle, ou seja, o monitoramento constante de toda a parte de interação da fauna aquática para que não exista nenhum acidente que possa contaminar o rio. Havendo essa fiscalização dos órgãos responsáveis, não haverá problema algum, até porque desde o século XVIII já se navegava por esse rio, aqui já foi um polo importante do desenvolvimento do Brasil”.

 

Cidades como Corumbá, Cáceres, Porto Murtinho, deverão crescer com o desenvolvimento dessa hidrovia. Maior geração de empregos, circulação de dinheiro, arrecadação pública e diminuição dos acidentes nas estradas são alguns dos benefícios provenientes da construção dessa hidrovia. O estudo precisou de dois anos para ser realizado.Foram quatro mil quilômetros navegados pelos rios Paraguai, Miranda e Cuiabá no período de um ano durante a análise, ao mesmo tempo em que se faziam outras avaliações. O EVTEA vai proporcionar também à iniciativa privada possibilidade de investimento em portos.

 

Para fazer o levantamento, os pesquisadores realizaram cinco expedições, sendo três delas realizadas em parceira com o 6º Distrito Naval de Ladário, da Marinha do Brasil, com o qual a UFPR assinou Acordo de Cooperação permitindo a troca de experiências, coleta de informações e proposição de ações com o objetivo de melhorar a Hidrovia. Ela tem ao todo 3.442 km e contempla cinco países: Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai, sendo um dos mais importantes eixos de integração política econômica, social e econômica da América do Sul.

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