Curso de Libras oferecido pela Reme amplia inclusão social de pessoas surdas

Depois de terem participado do curso básico de Libras, profissionais da Educação, pais de alunos e demais interessados em aprender a língua ingressaram no nível intermediário. Cerca de 30 pessoas estão matriculadas nas aulas que tiveram início sexta-feira, 18 de agosto, e seguem até dezembro. Como houve grande procura, nova turma do curso básico foi aberta e as aulas deve começar nesta segunda, dia 21. O curso de Libras é oferecido pela Secretaria Municipal de Educação, por meio do Núcleo de Programas de Inclusão Escolar e Diversidade, e acontece no período na noite, na Escola Municipal Pedro Paulo de Medeiros. É gratuito e aberto ao público.

 

“Essa foi uma iniciativa da gestão do prefeito Ruiter. Quando estivemos nas escolas, os professores nos pediram várias formações e estamos oferecendo agora capacitações em diversas áreas da inclusão. Estamos com Libras e vamos ter também aulas de Braile, de orientação e mobilidade. Com isso, estamos capacitando professores para eles receberem esses alunos. A inclusão existe e temos que fazê-la de verdade”, afirmou Silvana de Araújo Arruda, supervisora do Núcleo de Programas de Inclusão Escolar e Diversidade.

 

De acordo com ela, muitos universitários, funcionários de outras secretarias e pais de alunos têm procurado o curso. O nível básico tem duração de dois meses, sendo duas aulas na semana, cada uma de três horas. O intermediário acontece uma vez por semana, também com aula de duração de três horas, mas será estendido até dezembro.

 

Para Silvana, todas as pessoas envolvidas com a Educação precisam aprender Libras. “Não só o professor tem que saber falar com o aluno, mas sim toda a comunidade escolar, desde o porteiro até a merendeira, eles precisam saber pelo menos os sinais básicos, como um pedido de água”, disse.

 

 

De acordo com a instrutora do curso, Lilia Giovana da Silva Cabrera, não existe dificuldade em aprender a Língua Brasileira de Sinais. “A Libras é uma língua, assim como a Língua Portuguesa, foi reconhecida por lei, é a primeira língua materna dos surdos, sendo a segunda o Português, que deve ser aprendido por eles por causa da escrita. A Libras não é difícil, mas requer de cada aluno o esforço. Para se ter ideia, na apostila do curso básico há 504 sinais, a comunicação é extensa”.

 

Para Lilia, que também é funcionária da Prefeitura de Corumbá, o estudo da principal língua das pessoas com deficiência auditiva é fundamental para qualquer profissional. “Antigamente, a Libras era uma língua que se usava somente em casa, principalmente por quem tinha uma pessoa surda no lar. Hoje, a gente pode se deparar a qualquer momento com uma situação envolvendo Libras como escolas, mercados, estabelecimentos públicos, posto de saúde. É muito importante nós ouvintes aprendermos, para que essas pessoas se sintam incluídas na sociedade”, disse a instrutora.

 

Alunos relatam motivos que os levaram a ingressar no curso


Roza Irene Dorado tem um filho de quatro anos que já nasceu com problemas auditivos e nunca conseguiu se comunicar através da fala. A criança, que estuda na pré-escola, está começando a aprender Libras com a mãe, que resolveu fazer o curso e está na fase intermediária. “Já fiz o básico e como mãe, quero fazer parte da vida do meu filho. Algumas vezes não dá para entendê-lo porque ele ainda não usa Libras, mas está começando a querer usar e eu preciso estar no ritmo dele. Às vezes, ele chora e eu não sei o motivo, não sei o que ele quer, ele grita. Ele está começando a usar a mão para eu entender, mas tem vezes que ele não faz isso e dá um desespero”, contou dona Roza. Para ela, não existe grande dificuldade em aprender a língua. “O maior obstáculo em aprender é a correria da vida, mas dificuldade para estudar mesmo não existe porque é só querer, tem que treinar em casa”, disse.

 

Professora da Escola Municipal de Educação Integral Luiz Feitosa Rodrigues, Arlete Aparecida do Espírito Santo Mendes se interessou pelo curso por já ter estudado a língua, mas ter esquecido alguns sinais. “Você tem que sempre estar treinando Libras porque com o tempo você vai esquecendo, é algo que você tem que treinar todos os dias. Como agora estou trabalhando na sala de AEE, resolvi fazer para relembrar. As aulas são tranquilas e é algo muito importante hoje em dia porque em todo lugar pode haver pessoas surdas e fica mais fácil para nos comunicarmos, nem que seja com um cumprimento”, disse Arlete.

 

Segundo ela, é mais difícil um estudante com deficiência auditiva adquirir conhecimento sem saber a Língua Brasileira de Sinais. “Ele tendo um professor perto que seja intérprete, vai ficar muito mais fácil entender os conteúdos em sala e ele precisa também aprender até mesmo para que possa se comunicar com os colegas”. A professora afirmou que vai começar a selecionar alunos na escola para ensiná-los sobre Libras, já que alguns se interessaram em conhecer mais a língua.

 

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